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Artigos-->TEMPERATURA ALTA -- 05/11/2018 - 07:48 (GERALDO EUSTÁQUIO RIBEIRO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quero pedir licença aos da minha idade porque agora estou escrevendo para uma galera diferente, este texto será voltado para os jovens de quinze aos vinte e cinco anos que são os herdeiros e donos do mundo.

Eram cinco horas da manhã, uma temperatura gostosa e uma leve chuva salpicando meu rosto embaçando meus óculos, depois de um dia em que a temperatura atingiu a marca de 40 graus. Fazendo minha caminhada de todos os dias em uma pista margeando o que sobrou do rio da minha infância, comecei uma conversa imaginária como se ao meu lado estivesse caminhando alguém.

Percam ou doem um pouco do seu tempo para pensarem em conservação ambiental, peçam a seus pais e seus avós que lhes falem como era a vida há quarenta anos atrás.

Vou falar da minha cidade, Betim, que faz parte da grande Belo Horizonte.

Tenho saudade de quando os quintais não tinham muro, televisão, telefone, e automóvel eram artigos de luxo.

Em todos os bairros, com raríssimas exceções, havia uma ou mais nascentes de águas cristalinas, alegria das lavadeiras e das crianças que corriam para o rio onde os peixes eram pescados sem nenhuma contaminação.

Até os meus dezesseis anos não sabia o que era violência, todos os quintais tinham uma horta e algumas árvores frutíferas. Matar gambá no quintal do vizinho era coisa natural e quase ninguém era chamado de ladrão.

Os frutos silvestres que hoje talvez ainda existam em algumas cidades do interior, eram abundantes e saboreados como um manjar dos deuses.

A construção mais alta era algum sobrado de propriedade dos mais ricos.

Ninguém morava em cima de ninguém, não existia o stress de esperar o ônibus, porque não havia ônibus para ser esperado.

A natureza era extremamente organizada.

Havia quatro estações distintas.

Em março o Outono vinha com seu vento forte arrancando as folhas das arvores, com duas visões muito distintas, olhando para o chão debaixo das árvores nos encantamos com a beleza das cores, olhando para alto nos deparamos com uma nudez que não chega a ser feia quando a própria natureza se mostra por inteira.

Em junho o Inverno chegava trazendo frio que chegava a rachar os lábios, convidando para um recolhimento regado a um bom vinho ou uma cachaça, acompanhados de verdadeiras maravilhas em forma de sopa.

Em setembro a primavera era suave com o perfume das flores, o vento brando soprando no rosto da gente fazia caricias semelhantes às de alguém apaixonado.

Em dezembro o verão vinha aquecer o corpo e o coração das pessoas para que pudessem aproveitar o máximo da luz e energia do astro rei.

E hoje?

As quatro estações são conhecidas apenas pelas datas, porque em um só dia elas se manifestam ao mesmo tempo perturbando a vida de todas as criaturas de Deus.

A causa sesse desarranjo está visível em todos os lugares onde uma embalagem de plástico, isopor e outros agentes poluentes, são expostos como um enfeite maldito a cada fração de segundo em que o nosso olhar é lançado para um determinado ponto. Não estou dizendo que a culpa dos materiais, e principalmente do plástico que foi desenvolvido para facilitar a nossa vida, mas tornou-se o símbolo de poluição e da falta de educação ecológica dos tempos modernos.

É por isso que estou falando para os mais jovens que estão tomando posse da herança ruim que deixamos para eles.

Eu queria que esses meninos e meninas de todas as idades, de todas as classes sociais, e de todas as raças se unissem para mudar a mentalidade ecológica desses novos tempos.

Eu queria que eles passassem a observar a boca de lobo, com ou sem tampa, de uma manilha colocada para levar o esgoto, e que está entupida pela nossa estupidez.

Eu queria que os moradores dos bairros nobres começassem a observar que poucos separam o lixo, mesmo onde existe coleta seletiva.

Parece que os mais ricos não acreditam em reciclagem!

Eu queria que os moradores da periferia lutassem contra os que jogam sacos de lixo e entulho em lotes vagos, ou no leito de córregos agonizantes. Eu queria que os moradores das favelas criassem uma consciência ecológica, para que a pobreza e o abandono dos órgãos públicos, não fossem os únicos responsáveis e desculpa para serem obrigados a dividir seu espaço com ratos e outros bichos peçonhentos.

Eu queria que os jovens pintassem a cara com apenas uma cor: Verde, e começassem uma luta, ou diríamos uma guerra, para que a Mãe Natureza volte a ser respeitada.

É preciso lutar contra o poder econômico, e principalmente contra a nossa própria ignorância que nos faz ficar alheios, achando que o progresso, a tecnologia e a ciência irão conseguir realizar um milagre maior que o de Deus, e recuperar tudo que foi destruído.

A temperatura hoje foi de quarenta graus

Daqui a cinqüenta anos os seus filhos e netos suportarão quantos graus?

Hoje a água pura e potável é cara e está cada vez naus escassa, sem que a maioria das pessoas esboce algum tipo de preocupação.

Daqui a cinqüenta anos o que vai matar a sede do seu filho?

Comecemos a fotografar e filmar tudo que ainda existe preservado, para que os nossos filhos daqui a cinqüenta anos possam assistir com tristeza ou com alegria.

Com alegria...

Se os herdeiros conseguirem mudar o jeito de tratar a filha predileta da Mãe Natureza.

A nossa irmã água,

Que se indigna mesmo com a mais simples agressão que é a “vassoura d’água”, ou o lavar carro todos os dias, sem ao menos se dar ao luxo de fechar a torneira enquanto esfrega a lataria reluzente.

Ou com tristeza...

Ao olharem as fotos, ou assistirem os filmes, e depois olharem pela janela verem que até o que foi gravado já não mais existem.

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