Usina de Letras
Usina de Letras
255 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62073 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10301)

Erótico (13562)

Frases (50480)

Humor (20016)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6163)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->A HISTÓRIA DO ELEFANTE -- 26/04/2002 - 16:54 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A HISTÓRIA DO ELEFANTE





Tem razão o companheiro Geraldo Lyra, ao sugerir que o atual INSS volte a ser desmembrado de modo a retornar à estrutura administrativa que tinha antes do movimento revolucionário de 1964, onde cada categoria, segmento ou classe profissional era representado pelo seu próprio instituto de assistência médica e previdenciária, a exemplo do IAPB, Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários, citado pelo eminente colega, do qual, por mera coincidência, fiz parte durante alguns longos anos de minha vida como bancário. Aliás, meu primeiro emprego, com carteira assinada e outras vantagens. Carteira de Trabalho do Menor. Outra coisa que também acabou. Proíbem, hoje, que o menor de quatorze anos tenha o seu “ganha pão”. Coisa que eu hoje agradeço por ter começado tão cedo no batente. Só tive ganhos. Mas isso é outra história.



Conheço, portanto, o caso bem de perto. E, tal como o Lyra, não acho que sua sugestão tenha qualquer tipo de saudosismo. Acho, isto sim, que se trata de puro bom senso. Justamente o que tem faltado à maioria desses tecnocratas de plantão, alguns dos quais arrogantes o suficiente para não ter a humildade de, antes de tomar qualquer decisão envolvendo interesses diversos, consultar as partes interessadas.



Na época em que as funções de previdência e assistência médica eram separadas por categorias profissionais, os benefícios eram muitos maiores do que os eventuais malefícios. Primeiro, e mais importante, era o fato de que os servidores de cada Instituto “vestiam a camisa”, por assim dizer, da categoria profissional à qual pertenciam. Esse fato refletia na qualidade do atendimento do segurado, nas condições de limpeza e higiene de cada instituto, e no ambiente de amizade que reinava nos diversos setores. Havia, subliminarmente, no inconsciente de cada servidor, uma espécie de predisposição para a competição sadia: procurar fazer sempre melhor do que os demais institutos. Ao final, todos acabavam ganhando com essa atitude. A melhoria do sistema, como um todo, era evidente.



Depois, é bom lembrar que, naquela época, era muito mais difícil praticar a corrupção. Sendo os institutos entidades distintas, possuindo, portanto, dirigentes, pessoal, controles e fiscalização diferenciados, quem se dispusesse a cometer um ato ilícito, iria, sem sombra de dúvidas, encontrar muita dificuldade. Não era fácil corromper várias estruturas diferentes e independentes de poder. Seria praticamente impossível envolver vários dirigentes e vários servidores.



A alegada pulverização de recursos, com vistas à união dos institutos num só órgão, que culminou com a inauguração, primeiro, do INPS, o chamado “Isto não pode ser”, depois INSS, (“Isto não serve aos servidores”) do ponto de vista meramente econômico, não deixa de ter lá suas razões. Um só Departamento de Recursos Humanos, de Material e Patrimônio, de Compras, e assim por diante, reduz, evidentemente, os custos. Mas, faltou aos seus idealizadores o bom senso e a humildade para olhar o problema de outros ângulos.



Sob o ângulo, por exemplo, da relação Custo/Benefício. Seria de se indagar na época: até que ponto vale á pena economizar “x” em dinheiro, e perder “y” em controle? E para criar novos instrumentos de controle e fiscalização, que a unificação necessitará, quanto precisaremos gastar? Não fizeram, com certeza, esta pergunta. E, portanto, ficou a mesma sem resposta. E diante do centralismo que caracterizou as ações administrativas da época do regime ditatorial que nos foi imposto, não poderia ser outro o resultado, venceu a tese da unificação dos Institutos.



Mas o tempo, sempre o tempo, mostrou que eles estavam redondamente enganados. O Elefante Branco que criaram cresceu e ficou muito grande. Incontrolável. E os recursos, que antes eram repartidos, passaram a ser volumosos. Despertaram interesses outros. Contrários à boa administração, à ética e à moralidade pública. E logo os incautos encontraram parceiros dentro e fora do imenso elefante dispostos a sangrá-lo.



A fiscalização se mostrava cara e ineficiente. Não enxergava além das patas do elefante. E tudo era imenso. A corrupção passou a ser imensa, também. E a idéia da “pulverização” de recursos, que deu início a todo o processo de mudança, até que não se mostrava tão descabida assim.



Só que a “pulverização de recursos” passou para outras mãos. Advogados e juízes, com a conivência de alguns servidores do alto escalão, não demoraram para montar o grande negócio. E as fraudes e os rombos se multiplicaram. Sob a inércia do Ministério da Previdência e Assistência Social a que se vincula àquela Autarquia. O INSS. E até hoje, nada está sob total controle. A despeito dos imensos recursos que a Previdência ainda tem por receber de seus devedores. Que são tratados como bons clientes. Têm até descontos para pagar suas obrigações. E nem assim aparecem por lá. A despeito, também, de o governo anunciar uma dieta rigorosa para emagrecer este enorme Elefante Branco. Que não pára de comer recursos dos trabalhadores. Melhor dizendo, de sugar, com sua enorme tromba.





Domingos Oliveira Medeiros

26 de abril de 2002

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui