Oito dias hoje e o amor embolando ribanceira abaixo. Dele vê-se destroços, escombros, desastres. Dela, o vôo faceiro e a efígie do desejo. Juras ele poetizara: delírio amorante, esperança de tê-la. Adorava ser mar naquela terra de mulher ignota. Irisava o amor no acesso que dava das posses dela, afeiçoando-se cego no seu inopinado. Nele, ela a flor lídima da paixão. Dela, talvez um talvez. Podia mais, não se sabe. Mas ela era, ao certo, para ele, mais que a noite iluminada num livro volumoso. Era o inimaginável de tudo. O inenarrável das maiores paixões. Eis que o abandono faz o mal dos insones: errar da vida no estupor da sua ausência. Dela, então, a lembrança passarinha ao vento de não voltar jamais. Ele, um galho qualquer que estertora numa frondosa sombreira. De triste, com o tempo esvaece. E por ínfimo que seja, enquanto vivo, teima na eterna capacidade de amar.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
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