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cronicas-->O Menino do Bar -- 17/12/2002 - 08:55 ( Alberto Amoêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Na esquina da rua da paz, sentinela do tempo, vivo, idoso, sempre novo, o bar do parque, sob o hálito inconsciente da manhã ainda indefinida, entre o túnel cálido das mangueiras e o voraz trànsito do ir e vir dos carros dos anos noventa. Testemunhava um menino que todos os dias estava ali pór perto; de aproximadamente infància deformada, com os pés de fora, com a cara em anos de fome, a ignorància o único respeito, sem camisa, nem família, nem futuro; encolhido no canto escuro da entrada do banheiro, religiosamente engraxava os sapatos e pedia esmolas aos transeuntes. Ninguém o ouvia, tão pouco faziam questão de enxergar. Desciam as escadas ou subiam aqueles figurões moralistas, políticos, homens de expressão, de terno e gravata, sapato em tom lustroso, carteira, paletó intocáveis e a consciência católica do bem e do mal definidas, que os seus estavam em casa ao colo nutrio de sua senhora e que aquele menino deveria está na escola, na FEBEM ou em qualquer casa.
Na verdade só o garçom que o retirava do local, pór ordem do dono é que se importava, é que tinha dó, e as vezes lhe arranjava algo prá comer, pois a idade do filho, espelhava aquela criança sem rumo.
Entretanto sob uma chuva intensa que caiu naquela quarta feira, aquela criança perdida no seio da pátria amada, sem saber o que vestir seu frio, caiu em tentação, aliou-se aos discípulos das drogas e em poucas horas, doutro lado da rua, num terreno baldio, feito cão abandonado, seu coração acelerou, ao mesmo que parou, não houve gritos, tão pouco a bandeira nacional subiu impulsionada pelo hino ou tão pouco ficou a meio pau de vergonha.
O menino herdou sem saber dos dias o que a madastra democracia prega em cada raiar de um novo dia.
O menino deixou sua caixa, sua escova, sua flanela e sua pomada, uns trocados e uma garrafinha com recorte de jornal falando na matéria principal do Brasil Campeão de Futebol no Mundo. Sem saber que fim levou o menino que lustrava os sapatos dos senhores da capital; sem saber que fim levou o menino que esmolava os trocados, sob a labuta, os cegos, o dono e o garçom perguntam e até se preocupam, mas ninguém sabe dizer alguma coisa, pois ele foi enterrado como indigente e os seus amigos entorpecidos nem se deram conta de quem estava com eles.

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