Aranzoel de Barros
Paulo Nunes Batista
Aranzoel de Barros foi (ainda é) um cabra macho do Estado da Paraíba do Norte. Era assim que ele dizia, se o interlocutavam: -
De onde sois tu? E ele, cheio de dedos: - Do estado da Parahyba do Norte, filho natural de João Pessoa. – Não deixava por menos.
Apois bem, esse Aranzoel é o mesmo que enganou João Grilo e passou a perna em Canção de Fogo, personagens ilustres do Cordelista Leandro Gomes de Barros. Isso se deu assim.
Os dois sabidos sem estudo – Grilo e Canção – vinham flanando pela estrada, reunindo suas artes e manhas, quando deram fé exsurgiu-lhes a figura inconfundível de Aranzoel, já querendo saber o qui é qui hái.
Canção tomou um susto, Grilo engoliu seco, mas logo se controlaram e parlamentaram: - Tudo bem, seu Zé. E da sua banda?
Aranzoel pegou na deixa, não gostou do seu Zé, e foi esclarecendo: - Seu Zé o que, cabra safado. Dobre a língua, que você está falando é com Aranzoel de Barros, o coco mais fino que o Estado da Parahyba do Norte jpa produziu. Seu Zé uma porra! Ora já se viu uma coisa dessa, seu Zé é a sua mãe, a excelentíssima senhora sua Avó, o cachorro do seu Pai e quem mais venha.
Aí Grilo entrou na conversa: - Se acalme seu moço, que aqui ninguém é de briga. E eu e meu colega somos de paz. Foi só o jeito de falar, ele não pretendeu ofendê-lo. – E estendeu a mão em sinal de cortesia a Aranzoel. Que, nestas alturas, já tinha guardado o parabelo e o punhal de sete palmos.
Houve ali uma confabulação do bute, e os três seguiram estrada afora, pros lados de Barreira, enquanto o Sol esbraseante dava uma piscadela na paisagem de fogo da tarde nordestina.
Notícia Rápida sobre Paulo Nunes Batista:
Paraibano radicado em Goiás (Anápolis), morou em cerca de vinte cidades do Brasil, inclusive nas maiores capitais (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, além de Goiânia e João Pessoa), exercendo atividades desde cobrador de ônibus, trabalhador braçal até jornalista e professor, sendo aposentado do Fisco de Goiás, onde ingressou por concurso público.
Militou no PCB de 1946 a 1952, época em que foi preso político em São Paulo, como redator que era do diário HOJE, arbitrariamente fechado por um IPM. Nunca foi torturado, mas assistiu à tortura de preso quando de sua outra prisão, em Recife. Como jornalista vem denunciando e protestando contra sevícias a presos, políticos ou comuns. Vem há muitos anos publicando artigos, crônicas, reportagens e poesias na imprensa de Goiás, do Brasil e de Portugal.
PNB é autor de seis livros e mais de 140 folhetos de cordel, editados a partir de 1949. Em 1961 tornou-se espírita e vem colaborando na imprensa doutrinária desde então. Tem vários outros livros prontos para publicar (O Cordel Iluminado, Cantos de Pedra e de Flor etc) e continua produzindo. É formado em Direito.
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