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cronicas-->Alfaces -- 16/12/2002 - 08:45 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Algumas pessoas dizem que estou com fixação em alface. Dizem que eu estou levando minha dieta com empenho excessivo e, além de comer alface, tenho falado muito naquela hortaliça. Mentira. Eu nem como muita alface. Sempre que possível prefiro a acelga que é uma alface mais taluda, maior, uma alface de macho.

Dizem que tenho fixação na cor verde, o que definitivamente não é verdade. Eu gosto mesmo é do azul. Verde, além da camisa do Juventude, da bandeira brasileira, da grama abundante em Brasília, do suco de limão, dos periquitos e dos coqueiros, eu só gosto mesmo é das notas de cem, sejam nacionais ou importadas. Ah!, as notas de cem, que saudades. Faz tanto tempo que eu não tenho uma, tinha até esquecido como são, o qual o bicho que ostenta a nota nacional, qual o presidente na nota americana. Disseram-me que se trata de um peixe, o animal apresentado na nota de cem reais. Está explicado, a afinidade é óbvia, decorre do signo astrológico, se é que há outro tipo de signo. Como pude levar tanto tempo para saber disto?

Outro dia ainda vi uma. Não era minha não, apenas a vi de longe na mão de um rapaz que chegou na fila da loteria e, quase que se desculpando, perguntou se alguém trocava. Claro que eu trocaria se ele aceitasse os três reais que estavam no meu bolso, verdes também. Ele preferiu tentar em outro lugar e foi embora. De minha parte não guardei mágoa. Ao contrário, fiquei grato por ter recobrado a memória.

Há fixações positivas. Notas de cem é uma delas. Só de pensar nelas, já fico feliz. Uma nota de cem tem seu valor, todos haverão de concordar. Mas é no conjunto que elas ficam mais interessantes, em grupos de dez, grupos de cem são ainda melhores. Formam aquele maço gordo que marca o bolso, alegria dos pivetes.

Ao contrário das notas de um, a nota de cem é muito pudica, não vai em qualquer mão, não gosta de se mostrar, está sempre nova, engomadinha como um senador. Talvez por isto eu aprecie tanto estes pedacinhos de papel e todos concordarão que esta admiração, gosto, fixação está longe de ser um privilégio meu. Quem não gosta delas, principalmente quando andam em grupos, como colegiais? As notas de cem, quando formam um certo volume, acabam se escondendo em um banco, no cofre. Triste destino, contraria sua natureza. As notas foram feitas para circular, mundanas, devem passar de mão em mão, serem apalpadas, cheiradas, trocadas por cajuzinhos e doces de batata. As notas de cem, são como água, devem circular para produzir seus efeitos. Se fica parada, acaba cheia de mosquitos da dengue.

Sendo assim, espero ter esclarecido os motivos da minha fixação verde e, se alguém quiser dela curar-me, sinta-se à vontade. Basta mandar pelo correio ou mesmo através de um banco.
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