Mensageiros deste amor,
Os irmãos vêm p’ra ajudar:
Queira o prezado amiguinho,
Portanto, se preparar.
Foi pedida a nossa ajuda.;
Aqui estamos, irmãozinho:
Vamos ver se conseguimos
Trazer algum bom versinho.
Praticamente, soubemos
Do chamado nesta hora,
Vamos, pois, improvisar,
Começando sem demora.
Querido irmão Wladimir,
Não se amofine por nós:
Basta tão-só nos ouvir,
Atentando para a voz.
Sabemos que não é fácil
Conseguir belos ditados,
Mas faremos o possível,
Para alguns bons resultados.
Não completamos os versos
De duas quadrinhas já,
Mas é fácil perceber
Onde é que a rima está!
Se não tiver bom sentido
Tudo aquilo que escrevermos,
Não se afobe desde já:
Peça para reescrevermos
Como se vê, finalmente,
Nosso irmãozinho esfriou
O ânimo do escrevente,
Que co’amor o agasalhou.
Não se perturbe se a rima
Não for aquela melhor:
Na segunda passadela,
Refaremos o pior.
Não vá se afetar também
Com as promessas de agora.;
Prossiga sempre escrevendo:
Felicidade tem hora.
Não seja precipitado.;
Vá com calma, bom irmão,
Que tudo virá co’o tempo,
Inclusive a perfeição.
Não bastassem tantos versos
Escritos sobre este tema,
Seria ainda preciso
Resolver este problema.
Vemos agora que tudo
Não passa duma invenção,
Para deixar mui contente
O nosso querido irmão.
Satisfeitos estaremos,
Se tudo um dia chegar
A se dispor, finalmente,
Em algo p’ra publicar.
Vejamos se conseguimos
Desviar o nosso assunto
Para outra fantasia
Que dê sentido ao conjunto.
Não conhecemos a rima
Para o termo logo acima:
É que de fato esbanjamos
O que menos estimamos.
Fugimos muito do ritmo
Adequado a este verso.;
Será que isso se dá
Só em tema controverso?
Já não temos esperança
De conseguir algo puro.;
Que fiquem, então, as jaças,
Num treinamento seguro.
Queremos agradecer
A gentileza do irmão,
Ficando aqui, toda tarde,
À nossa disposição.
Eis que, afinal, concluímos
Uma quadrinha feliz.;
Será que, daqui por diante,
Iremos firmar raiz?
Críamos que, facilmente,
Faríamos um quarteto,
Mas esbarramos na rima:
O que sobrou é terceto.
Mesmo no quarteto acima,
Nossa rima despencou:
Que tragédia, Santo Deus,
Nossa inspiração findou!
Se o bom do amigo soubesse
Quem é que veio até aqui
Pediria, com certeza:
— “Vá embora, por favor.;
Não tenho capacidade
De seguir-lhe os pensamentos.”
Porém, não é nada disso.
Trata-se de alguém esperto
Que só fez verso quebrado,
Dizendo que se tratava
De inspiração modernista:
A rima estava engastada,
O ritmo vinha da alma,
Tudo o mais corria solto,
Ao vento das invernadas.
Que barricada se ergueu
Dentro da frágil cabeça,
Que não permite que escreva
Quem ainda não pertença
Ao grupo dos “zebedeus”,
Que gostariam de ver
Só versinhos quadradinhos,
Com tudo bem medidinho,
Pela falsa cabeleira
Tosada!
A abertura que demos
A esta toada,
Esfarrapada,
Foi tão só pequeno aviso
Para que o jumento amigo
Se deixe montar à vontade.
Pois é bom lembrá-lo agora
De que não faria ao perigo
Qualquer restrição.
Eis, então, que obtivemos,
Para felicidade nossa,
Alvará de permissão,
Para apresentar, totalmente,
A nossa construção.
Assim, meu querido amigo,
Vamos logo viajar
Pelo mundo dos sonhos,
Sem presilha a nos segurar
Junto ao chão das conveniências.
Estamos a navegar,
Sem ter muito o que dizer,
Pois nos disseram, lá em cima,
Que isto era só treinamento,
Que bastava apetrecharmo-nos
De algum restinho de rima.
Se azedamos este dia
Do caro amigo escrevente,
Esperamos, comovidos,
Que nos perdoe esta gente.
Voltamos a escrever
Quadrinhas, no bom sentido,
Só que já vamos sair,
P’ra não ser mal recebido.
Vamos fazer a contagem,
Para saber se findou
O treinamento das quadras
Que se nos determinou.
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