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Contos-->8. “FOLGUEDOS ADULTOS” -- 22/03/2003 - 08:20 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Reconheço que o meu tema temerariamente se volta para o campo existencial do planeta. No entanto, se considerarmos como folguedos tudo quanto nos distraia das preocupações diárias, também podemos atribuir ao prazer da leitura o condão do descanso, do divertimento.

“Quer dizer”, irá pensar o leitor, “que estes textos que nos estão sendo apresentados visam a produzir em nós uma folgança dos terríveis momentos em que recebemos informações da realidade cruel desta sociedade injusta?”

Por que não?!... Muito embora a sisudez seja uma das principais características dos mentores e dos comunicadores, não há negar que buscamos sensibilizar os encarnados, apresentando-lhes, de forma lúdica, a programação que elaboramos para despertar o sentido da uniformidade existencial, a vida terrestre como continuidade do planejamento anterior à encarnação; a vida na espiritualidade como reflexo da personalidade construída durante a jornada na Terra, pelo menos enquanto persistirem os vezos ou hábitos arraigados na alma.




Aguardou Eduardo que o autor do ditado acima apusesse o nome mas largou o lápis sobre a mesa, após alguns minutos, porque sentiu que a influência espiritual se diluíra. Havia promessa de texto narrativo, todavia, o caráter de dissertação, apesar da fala atribuída a um virtual leitor, deixou-o um tanto frustrado, animado que estava para mensagem de maior fôlego e complexidade.

Recordou-se, enquanto as luzes da sala não se acendiam, dos seus trinta e dois anos de mediunato, dedicados quase todos às missivas dos que partiram aos parentes e amigos, jamais deixando de encontrar o destinatário entre as pessoas presentes. Achou que essa era superior maneira de folgar nas horas de descanso, encarando o trabalho psicográfico inconsciente como verdadeiro folguedo adulto, tantas vezes obtivera prazer e satisfação com a alegria das pessoas aquinhoadas com as comunicações.

“Se me enviassem um romance, poderia acontecer de abranger um público mais extenso do que este acanhado círculo que me observa com admiração e respeito.”

Logo estava às voltas com as dificuldades de editoração, lembrando-se das leituras em que os médiuns descreviam as lutas para imprimir os textos mais longos, muitos deles fazendo-o a expensas próprias, a grande maioria desiludindo-se com o encalhe dos volumes, vendidos a peso, no final das contas.

Achou que tais idéias lhe estavam sendo passadas por algum amigo da espiritualidade, voltou a pegar o lápis e aprestou-se para reproduzir o que lhe ficara na memória.

— Eduardo!

Era o diretor da sessão

— Podemos encerrar?

Não deu tempo para que desenhasse nenhuma letra.

— Podemos, sim. Graças a Deus!

Chegada a hora de ler as comunicações do dia, o nosso médium apresentou apenas aquele trecho truncado, explicando que não entendera direito o significado de simples intróito sem continuação. Avisou que lhe vieram certos pensamentos no sentido da advertência para as dificuldades de consecução de uma obra de ficção extensa e se pôs à vontade para ouvir a opinião dos companheiros.

Mas o pessoal estava mais entretido com as informações a respeito de parentes e amigos. Somente o diretor elogiou a clareza do texto, fazendo breve comentário a respeito de se dar tempo ao tempo, aguardando-se para a próxima reunião possível continuação.




Nunca mais Eduardo voltaria ao centro espírito, tendo deixado a vida em paz, consciente do dever cumprido.

Chamado pelo orientador, no etéreo, foi cumprimentado pelo desempenho da mediunidade, ocasião em que solicitou esclarecimento a respeito da derradeira escrita, que não fora conclusiva e que ficaria sem completar-se.

— É justo. Está lembrado de que no texto se dizia que a existência era una, ou seja, que a vida na Terra dava continuidade à daqui e esta àquela? Pois bem. Você está sendo convidado a acompanhar o autor até junto a médium escrevente, para tomar conhecimento de como se realiza a sessão mediúnica do nosso ponto de vista. Caso perceba que se trata de folguedo adulto, aplique-se com a mesma responsabilidade do centro espírita, porque o que desejávamos passar-lhe era a idéia exata que lhe ficou. Quanto a se perder a intuição, calcule a importância de suas reflexões, aquelas que não conseguiu escrever, e veja se lhe será útil reproduzi-las como informação aos encarnados.

A bem da verdade, Eduardo não entendeu patavina do que lhe fora explicado, restando-lhe a modéstia de aceitar continuar sendo simples intermediário entre os planos existenciais, dando sustentação aos mensageiros.




Passava das duas da tarde quando ressurgiu na Terra, para nova jornada. Isto, vinte e cinco anos depois. Aspirava por encontrar-se forte e sadio, agasalhado pela ternura materna e protegido pelo desvelo paterno. Queria repetir os folguedos infantis com o mesmo júbilo com que sempre agira na vida anterior.

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