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Artigos-->De fole e fôlego: "O Brasil da sanfona" -- 24/04/2002 - 02:01 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"O Brasil da sanfona" percorre algumas das unidades do SESC (capital e interior) neste março/abril de 2002. No prospecto, na trascrição de um verbete do Aurélio, "tradição", eu me fixo em: 3. transmissão de valores espirituais através de gerações.



Sob a curadoria de Myrian Taubkin, é a 6a. etapa do Projeto Memória Brasileira, que já cavouca o país há 15 anos em busca de suas raízes mais profundas.



Os espetáculos que ora chegam a público contemplam 4 regiões onde o instrumento moldou a vida das pessoas. Araraquara foi contemplada com: "Noite de São Paulo" e "Noite do Brasil Central". Pela reação dos presentes, sonho com a vinda de "Noite do Nordeste", Dominguinhos à frente, e "Noite do Rio Grande do Sul", com o gaiteiro Renato Borghetti. Devemos a eles, ao projeto, um ginásio lotado.



"Azar de quem perdeu!", foi comentário que ouvi. Talvez as novas gerações não vejam na sanfona mais que um adereço da recente onda de forró em pistas glamourizadas.



Na abertura, com Gabriel Levy e Quarteto Original, a evidência de que a sanfona não parou no tempo e nem a tradição sobreviverá apenas em modas efêmeras. As sanfoneiras Gilda Montains e Meire Genaro, antes da belíssima interpretação de "O trenzinho do caipira", revelaram: a música foi composta por Villa-Lobos num trem de Bauru a Araraquara.



Fosse outra a nossa história, as atrações seguintes bastariam para lotar, cada uma delas, qualquer ginásio. MÁRIO ZAN, 83 anos de vida e música, é obrigatório; da "Marcha do Quarto Centenário" a "Chalana", foram tantos os seus maiores sucessos em todos os tempos. Depois dele, o CAÇULINHA mostrou que ainda vai estar no cenário por muitos anos de vida e para sempre. Quem viu, não se esquece - presença marcante nos áureos tempos da Record -, sua interpretação de "Cantador" (Dori Caymmi/Nelson Mota) nos levou de volta a um tempo em que Elis e toda uma geração despontavam. Conosco, o Caçulinha que já era o Caçulinha antes de ser o Caçulinha do Faustão.



Para encerrar a noite, um dos maiores músicos brasileiros do mundo na atualidade (anotem): TONINHO FERRAGUTTI. Eu me perguntava como aquilo soaria depois de tanta tradição. Perfeito! Maravilhoso! O público, na adolescência da terceira idade, sentiu a força desse seu som inovador fincado em nossa melhor tradição. Acompanhado por Guello (percussão) e Paulo Oliveira (sax e flauta), Ferragutti confirmou as palavras de apresentação do grande Caçulinha: "Esse que vem agora, esse sabe tudo".



Imagino que ele deve saber também que é um dos artistas brasileiros com maior potencial para se estabelecer em definitivo no circuíto internacional da melhor música instrumental. No Brasil, onde certamente não vai viver de vender discos, haverá de ser um dos grandes artistas de palco de um circuíto alternativo do qual o SESC é pioneiro. Mas pode surpreender o mundo, sei lá. Foi uma performance impressionante, aplaudida de pé numa noite de tantas exclamações.



Na segunda noite, entre os maiores do Brasil Central, DINO ROCHA, ZINO PRADO, ELIAS FILHO, uma revelação espantosa: LENILDE RAMOS, mulher imponente, cara de onça (assim se maquia em shows solo), voz de timbre raro, grudada a sua sanfona. Na música profissionalmente há quatro anos, ela canta as melhores possibilidades de um mundo globalizado sem perder as suas diferenças. Com surpresa e agrado, o público ficou sabendo que no Pantanal também se faz rock, mas rock pra se dançar em chão de terra, pra se tocar em sanfona.



Da produção esmerada, destaco o vídeo-cenário de Sérgio Roizenblit, que nos fez percorrer de helicóptero São Paulo e o Brasil central em duas noites inesquecíveis de fole e fôlego, ao som da sanfona.



[Na saída, uma presença ilustríssima: Helder, vocalista performático da banda "Mestre Ambrósio", com seu ótimo astral e os CDs do seu selo Terreiro Discos.]

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Artigo publicado nesta quarta-feira, 23/04/2002, na coluna OXOUzine (jornal Tribuna Impressa de Araraquara). A coluna é semanal, permanecendo online até a terça seguinte.



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Para quem estiver por perto: o projeto "O Brasil da sanfona" chega à sua última estação paulista, Piracicaba, no dia 24 de abril. De 24 a 28/04: exposição de fotos e instrumentos no saguão. Dia 26: workshop com Toninho Ferragutti das 15 às 18 h. Às 21 horas, "Noite do Nordeste", com Dominguinhos, Arlindo dos oito baixos, Zé Calixto e Camarão. No dia 27, no mesmo horário: "Noite de São Paulo", com Gabriel Levy e Quarteto, Gilda Montains e Meire Genaro, Mário Zan e Toninho Ferragutti. Como em Araraquara, talvez haja ainda, de quebra, a presença-surpresa do Caçulinha. Imperdível.

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