O vaqueiro das letras sonolentas Em versos lentos passeava Na lentidão de cada passo Parado, em pé, feito compasso Traça círculos na mente De repente, em versículos, Velozmente, a vida passa Passa a vida, passa o tempo Passa boi, passa boiada Passa o vaqueiro na estrada Só a saudade não passa.
Passa o sol, passa a lua Passa o caminheiro na rua Passa o vaqueiro na estrada Passa boi, passa boiada Passa o tempo, passa o vento Passa rápido, passa lento Passa o velho, passa o novo Passa o vaqueiro de novo Passa tocando a boiada Passa a noite, passa o dia Só a saudade não passa.
O berrante cadencia o passo O boi faz a estrada Evem a boiada do Gorutuba Suando o ribeiro que bebeu A pastagem vem na carne Uma tonelada em cada boi Tira o pé do chão, Diamante!... Afasta, Pimenta-de-nico... Avante, Lampião! Vai Corisco!... Sai, Angico!...
Ê boi, ê boi... Ê boi bom cara pintada Ê boi, ê boi... Ê boi bom, pega a estrada Vai Samburá... Sai, Boto-cor-de-rosa... Avante, Ouro fino... Arreda, Caxangá!... Abre a porteira, menino! Que a boiada vai passar. Bôooi!
***
Adalberto Lima - poema de Estrada sem fim...