Um perigo aquele caco
Que punha em risco o passante,
Mas houve um’alma bondosa
Que, não prosseguindo avante,
Recolheu-o, p’ra evitar
Que alguém se fosse cortar.
Houve quem tivesse um dia,
Por espírito maldoso,
Atirado nessa rua
Um caco bem perigoso.
Tendo quebrado a garrafa,
Espalharam bem os cacos,
Em lugar de recolhê-los,
Depositando-os em sacos.
Sentimo-nos bem frustrados,
Por não poder avançar.;
Não tem importância, amigo:
Iremos continuar.
Sem que tivéssemos visto,
Alguém passou pela porta.;
Será que chegou auxílio,
Ou a esperança se aborta?
Recorremos ao amigo
Que apanha o nosso ditado,
Para completar a frase,
Evitando o termo errado.
Nem sempre, porém, teremos
Que requerer tal auxílio,
Pois, quando tivermos força,
Retornaremos do exílio.
É esta a história do grupo
Que comparece ao trabalho:
Sentimos ter de forjar
A rima através do malho.
É bem claro que o que estamos
Registrando por escrito
Tem dom de perseverança:
A luta é ganha no grito.
Não vamos desanimar,
Tendo em vista este fracasso,
Pois cada curta quadrinha
Ocupa mísero espaço.
Sempre haverá um outro dia
Para alcançarmos sucesso.;
Haverá muita alegria
À vista desse progresso.
Se nosso amigo escrevente
Estiver com paciência,
Vamos pedir-lhe que escreva
Sob esta nossa assistência.
São tão fáceis estes ditos
Que trazemos p’ra escrever,
Que, pelos “Sãos Beneditos”,
É preciso ver p’ra crer.
Querido amigo escrevente,
Nós muito lhe agradecemos
Toda a atenção a esta gente
E nossa mão lhe estendemos.
Outro dia, voltaremos,
Com outras quadras montadas.;
Por hoje declararemos
As poesias encerradas
Ainda você está aqui,
Aguardando nova rima,
Achando que este ambiente
Para ela está com clima.
Veja que rima forçada
Nos obrigou a fazer.;
Agora, em definitivo,
Não vamos mais escrever.
Muito obrigado, irmãozinho,
Pela sua confiança,
Que é a última que vai,
Logo depois da esperança.
Como nos filmes de agora,
Ao terminar sua ação,
São colocadas legendas,
Comportando explicação.
É esta a finalidade
Destas últimas quadrinhas,
Que vêm para esclarecer
O que se tem noutras linhas.
Mas a verdade é que agora
Este improviso é fatal,
Pois nada está preparado
Neste túrbido final.
Até parece que temos
O dom da improvisação,
Pois estas rimas parecem
Conter muito mais ação.
Com exceção da anterior,
As demais estão porretas.;
E não adianta fazer
Mui expressivas caretas.
Eis que este pobre poeta
Se esgoela de fazer dó,
Deixando entrever a chave
Que transforma o grão em pó.
Saltei de banda, amiguinho,
Despistei, fugi de medo.;
Será que conseguirei
Guardar um baita segredo?
Mas segredo não direi.;
Guardá-lo-ei para mim.
Aliás, será por isso
Que já estou chegando ao fim.
Pois será em definitivo
Que já irei me despedir.;
Como sempre, eu vou dizer:
“Good bye, dear” Wladimir.
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