Não fujas de mim!
Não te tornes aquilo que minha poesia
Cruelmente quer que sejas...
Porque és pecado também:tu mordes, tu beijas!
Não deixes que meus sentidos se inundem de esperança,
Que te consagrem como uma eterna lembraça,
Daquilo que nunca me foi permitido viver.
Não povoes o desatino de minhas palvras insanas,
Sabendo tu que de tua aura emanas
A força que me faz acordar
E mais tarde adormecer, desafiando o ímpeto da madrugada,
E que mesmo na paisagem mais cerrada,
Torna o crepusculo em amanhecer!
Se me podes conhecer sem certezas,
É certo que a maior das proesas
É mostrares-me o que sou a mim.
É tornares vão e inútil um quaquer
Efemero, aguardado e sussurrado sim.
Não partas de meu mundo,
Que nele nada há de mais belo e profundo
Do que o teu inesquecivel jeito de ser.
Que eu te perdi num sorriso
E agora choro a certeza de não te ter!
Não sejas a promessa escondida nas palavras chuvosas,
Caidas como estrelas candentes
Nas poderosas teias do desamor!
Junta teus lábios e não digas nada...
Que a tua voz me cega a razão!
Que teus murmurios incandescentes
Flutuam entre o instante e o som,
Que exalto mesmo que cerrando os dentes!
É bem verdade que a dúvida certa de teu olhar
Em muito contrasta com a impura certeza do meu juizo.
Apesar de saber que não te afundas em lágrimas,
Bem sei que não te perdes de riso.
Não é fácil, (não duvido que não seja),
Manter esse terno encanto de sabor matinal,
Quando a folha do destino se escreve
Adivinhando a vida como mortal.
Se um dia pensei em esconder-me de ti,
Nenhum sucesso me é devido.
Mas acredita que antes de pensar tua imagem
Já o meu sonho te havia pressentido.
Acorda o meu "eu", que se entrega
Ao sono de nada mais ver,
E de ignorar seu dormente estado
De inevitável perdedor,
Só porque seu sol foi de nuvem em nuvem tapado,
E a Lua , recusou-se a brilhar, seja a sua face qual for!
Sou uma semente trazida pelos ventos da memória,
E descobri na mais triste e dolente história,
O chão que meu futuro haveria de cavar.
Não imaginei que se pudesse imaginar,
Tratar-me eu de outra coisa qualquer!
A verdade é que só tu és anjo e mulher,
E por ti replica o mais altivo sino.
Concentras o humano em teus passos,
Mas teu caminho é puro, simples e divino!
Que venha de nossa terra fecunda,
Que se erga destemido o caule e a flor
O tempo passará...é um fruto,
Mas ainda temo chamar-lhe de Amor!
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