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Contos-->João Ninguém, o CHACAL -- 20/03/2003 - 12:39 (Cristiane Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O nome dele era Silva! João da Silva! Um sobrenome meio sem graça para quem usava um nickname de Chacal. Mas mesmo assim ela aceitara conhecê-lo! Estava se sentindo meio só e afinal de contas, iriam se conhecer em um barzinho no centro da cidade onde era bem movimentado, o que diminuiria a apreensão do primeiro encontro.

Haviam se “conhecido” no site de super encontros faziam duas semanas e resolveram que essa história de virtual estava muito chata e que o mais importante era aquele lance de olho no olho.

Ela estava ansiosa! Como será que ele agiria assim ao vivo? Tomou um táxi até o bar e sentou-se calmamente a esperar seu amigo virtual! Ele chegou dentro de uma camisa azul de fino corte com leves listas brancas e uma calça cinza de microfibra.
__ Lá vem ele – disse ela ao seu eu interior – lá vem ele ...
__ Olá, tu com certeza deve ser a Júlia, certo?
__ E tu o João – disse ela levantando-se desajeitadamente da cadeira causando um terremoto na mesa, fazendo os copos balançarem.
__ Júlia, é muito bom poder perceber que não és virtual.
__ Com certeza não sou!
Ele sentou-se e pediu também um chop para acompanhá-la, nesse momento a banda começou a tocar uma música que ela adorava e ela não se conteve:
__ Beatles! Essa música é ótima.
__ Não conheço.
__ Mas todo mundo conhece Beatles! É como dizer que não conhece Coca-Cola.
__ Ah, essa eu conheço! Mas o que quis dizer é que não gosto de Beatles e por isso não conheço a música.
“Tudo bem – pensou ela – ninguém é perfeito, mas vamos tentar algo mais fácil.”
__ Djavan...
__ Ah?
__ Aposto esse copo de chop que gostas de Djavan...
__ Bem, vamos ter de dividir esse copo de chop, porque gosto de Djavan, mas não ao extremo de saber alguma música de cor. Na verdade música é algo em que não tenho muito interesse.
__ Que pena, eu gosto muito! Sou back vocal de uma banda de um amigo meu. Tu gostas de ler?
__ Hum... prefiro ver um bom filme na TV, daqueles de época... Gostas?
__ Bem, na verdade escrever é um de meus hobbies, do qual muito me orgulho e por isso gosto muito de ler! Mas adoro cinema também! Quem sabe podemos negociar na hora do filme? Par ou ímpar? E o vento levou ou Matrix? – Riu-se ela.
Ele deu um sorrizinho amarelo. Estava óbvio que a piadinha de mal gosto não agradara o homem. Ela vendo que o deixara sem jeito tentou consertar:
__ Que tal se saíssemos para dançar qualquer dia? Poderíamos dançar a noite toda e ...
__ É que... bem... eu sou meio caseiro sabe! Não gosto muito da noite!
Ela estava muito sem jeito! Seu príncipe encantado que tinha tudo para ser o dono do seu coração, era um sapão. Nem isso, era um girino, um quase sapo, um esboço, um rascunho inacabado, com péssimos gostos.
Eles estavam completamente sem assunto, ali sem a telinha do computador para protegê-los, eles perderam a linha e não sabiam sobre o que falar! Se pelo menos pudessem usar a conhecida desculpa do: “desculpe-me, mas caiu a conexão e...” Mas não. Não eram mais virtuais! Eram reais! Reais demais até! E a realidade deixara claro que eles eram tão parecidos quanto gêmeos bivitelinos!

O encontro estava tornando-se um desastre e o papo resumira-se em de quanto o Inter ganhou do Grêmio no Domingo. Um papo interessantíssimo! Ótimo para quem sofre de insônia aguda! Ela achou melhor acabar logo com aquilo:
__ Então João, eu acho que já vou para casa, amanhã acordo muito cedo para trabalhar e ...
__ Mas já?! Que pena, agora que eu ia te contar como foi o gol decisivo e ...
__ Que pena mesmo, eu adoraria ouvir, mas preciso realmente ir, vou chamar um táxi!
__ De jeito nenhum garota! Meu carro está estacionado aqui ao lado! Eu te levo em casa, assim podemos ir conversando no caminho!

Ela ponderou por alguns instantes e decidiu que não seria gentileza da parte dele, mas sim um dever, uma espécie de pagamento por ter feito seus ouvidos de penico. É, uma carona seria no mínimo justo.
Saíram do bar e ele fez um gesto com as mãos parecendo que tinha saído da novela “Que Rei Sou Eu” dizendo:
__ Madmoazele ...
Ela teve de conter e apertar o riso no canto da boca. Quando ela atravessou a porta do bar, ele apressou-se e foi andando em direção ao estacionamento onde uma BWM dividia espaço com um fusca. Ela quase caiu de costas quando ele falou assim colocando a chave na BMW e abrindo a porta da nave para ela:
__ Vamos, entre!
O carro era de um vermelho tão brilhoso, mas tão brilhoso que ela quase colocou seus óculos de sol para proteger os olhos, e não fosse os barulho ensurdecedor dos automóveis que passavam na avenida, com certeza o “pobre” João (que de pobre nada tinha),teria ouvido o som de caixa registradora que saía dos olhos de Júlia cada vez que ela piscava. De boca aberta, quase em transe, a baba já querendo escorrer no canto da boca, ela segurou o queixo e largou:
__Tu fazes questão que eu use teu sobrenome depois de casados?


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