Num país sem estrutura,
Onde tudo é diferente,
Sente falta, toda gente,
Duma vida mais segura,
Com trabalho e fartura,
E isso não é segredo,
O trabalhador tem medo
De ficar a pé n’estrada.
Tudo acaba em piada,
Nessa terra de brinquedo.
Muito se fala em justiça,
Apurando o que é errado,
Dando ao justo seu bocado,
Sem um nada de preguiça,
Como árvore que viça;
Mas vemos que, logo cedo,
Inverte-se o enredo
Dessa luta malfadada.
Tudo acaba em piada,
Nessa terra de brinquedo.
Resta apenas o consolo,
Àquele injustiçado,
Sofredor, pobre coitado,
De saber que nesse rolo,
Ou se é honrado ou tolo;
No infeliz arremedo
D’algo forte qual rochedo,
Nunca se chega a nada.
Tudo acaba em piada,
Nessa terra de brinquedo.
|