escreva escravo de letras
palavras te prendem e negas
tentando dizer o que és
nas brumas onde navegas
preso ao encanto dos sons
fazendo de maus sonhos bons
nesse caminho de pedras
palavras que colam escravo
tatuam o rastro que largas
na areia mutante do medo
falam do tédio que calas
que como fogo de vela
chamusca queima e pela
a alma marcada de lavas
o ópio destas palavras
viciam o caminho escravo
calvário da via não sacra
de cruz espinhos e cravo
escreva senão você morre
descreva o rio que corre
na veia tirando seu sarro
o magro soldo que comes
um gosto de lodo e charco
escreva escravo escreva
comendo teu prato parco
e negue passar em branco
vida de tranco e barranco
flecha atirada do arco