Roubaram a Lua
Há dias, na Escola de Adultos (grupo de alfabetização), resolvemos olhar o céu, em busca de outros espaços acima de nós.
Arranjámos lanternas, agasalhos (a noite estava fresca), câmara de vídeo (para registar o acontecimento) e a máquina de viajar no espaço (o imprescindível telescópio).
Felizes, pela novidade da aventura que se aproximava, partimos estrada fora, rumo ao nosso primeiro encontro imediato com a astronomia (tudo fora cui-da-do-sa-mente preparado).
Percorremos a distância, entusiasmadíssimos.
Parámos. Olhámos o céu. Poisámos os apetrechos todos no chão. Montámos o telescópio. Regulámos os acessórios. Focámos as lentes. Estava tudo, aparentemente, afinado, talvez demasiado afinado. Com toda a certeza, alguma corda da guitarra se preparava para nos pregar a partida e já não teríamos noite de fados.
Erguemos o olhar bem acima de nós. Percorremos todo o céu e não encontrámos… No escuro, encolhemos os ombros, mas não desistimos. Esfregámos os olhos, uma, duas, três vezes e, de novo, examinámos, minuciosamente, a cúpula celeste e não encontrámos… Não encontrámos mesmo nada...
De repente, ouviu-se um grito enorme:
– Roubaram a Lua!!!
Até as estrelas choraram...
Há noites assim...
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