DO QUE TENHO MEDO
Tenho medo
de nunca chegar
a te ver,
te sentir,
te aconchegar,
te olhar com doçura
e te entregar
a alma no olhar.
Tenho medo
do teu silêncio,
da tua delicadeza
que nunca quer magoar,
da tua alma escondida,
da palavra que negas,
de tua dor que conheço
e, mais ainda,
da que desconheço.
Tenho medo
do teu medo
de saber do meu medo
deixando a palavra
entalada na garganta,
e a dor não resolvida
imprimindo no amor
o terrível sabor
mais de morte que vida.
Tenho medo
da lágrima que derramo
e não te entrego.
Tenho medo
da dor que sinto e te sonego.
Tenho medo
da dúvida que corrói
e do quanto ela pode minar
o amor que tanto dói.
E a minha ternura,
guarda o pior medo
travando o coração:
... o de nunca sentir,
na minha mão,
o calor da tua mão.
MAIO/2003
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