Usina de Letras
Usina de Letras
78 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62137 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10447)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10331)

Erótico (13566)

Frases (50547)

Humor (20019)

Infantil (5415)

Infanto Juvenil (4748)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140778)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6172)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->2. O SEGUNDO PECADO -- 16/03/2003 - 08:20 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Sabe-se que o primeiro pecado foi a desobediência; o que se desconhece é que o segundo pecado foi a arrogância. Ou o contrário, que a ordem dos fatores não influenciou no resultado.

Aplicamo-nos aos estudos gerais da doutrina espírita, mesmo na erraticidade, porque pretendemos eliminar o segundo pecado. Como não temos a certeza de qual seja, vamos estabelecendo uma ordem de defeitos intelectuais e de falhas morais, sempre buscando o aperfeiçoamento das qualidades que nos parecem titubeantes.

Quer dizer que o primeiro pecado vai sendo deixado para trás? Em absoluto, sempre vamos colocando os vícios mais recentemente descobertos como os primeiros, de forma que aquele que lá se consignava passa a segundo plano e logo se torna o foco do interesse.

É como neste desenvolvimento: as virtudes vão justificando-se, idéia a idéia, conforme dispomos as frases no papel. Logo verificamos que causamos maior estranheza (inclusive a nós mesmos — ou principalmente a nós mesmos) e priorizamos a novidade, buscando examinar com atenção o que acima registramos, numa tentativa lógica de suprimir as falsas interpretações.

Não ficou claro, evidentemente. Então, que tal contarmos um caso verídico ocorrido com um dos colegas de grupo?



José jamais considerou perigoso desafiar as forças do mal. Dizia serem balelas dos espíritas as influências dos infelizes habitantes das trevas sobre os encarnados. Já que não havia inferno nem demônios, que poder poderiam possuir os que vagavam pela erraticidade levados pelo desforço da vingança ou pela atitude de rebeldia contra o Criador?

Perguntava e respondia de forma a consignar a mais completa possibilidade de sempre ser defendido pelos guias e protetores, já que se manifestava favorável à benemerência, nunca se esquecendo de contribuir com tempo, trabalho e dinheiro para o alívio das penas dos miseráveis.

Um belo dia...

Sempre haverá um dia em que a verdade se apresentará de forma irretorquível.

José não pretendia sair de casa, havendo já vestido o pijama e tomado uma boa dose de vodca. Dizia ele que a bebida servia para relaxar das ânsias geradas pelas turbulências sociais do emprego, da rua e do noticiário.

Aí toca o telefone:

— Zé, venha já para cá que seu irmão está passando mal.

— Santo Deus! Que foi que aconteceu?

— Um ataque do coração.

Não atinava o pobre com a melhor solução. A cunhada, coitada, não tinha a faculdade apropriada para resolver os problemas relativos à assistência médica de urgência.

Quando percebeu que estava perante premente necessidade de agir sem hesitação e com total clareza, viu-se com a mente enevoada pelos eflúvios alcoólicos.

“Vou ligar para um hospital pedindo uma ambulância.”

Atrapalhou-se com o livro de endereços e terminou ligando para o telefone da delegacia, solicitando socorro para o irmão, passando o endereço que por pouco ficava sem se lembrar.

Desligou e correu para a garagem, meio trôpego.

Algo lhe disse no fundo da consciência que seria temeroso dirigir naquela circunstância.

Voltou para dentro, buscou o banheiro, levantou a tampa da privada, enfiou dois dedos na garganta e forçou o vômito. Queria desfazer-se do que restava do álcool que tinha no estômago. Não conseguiu senão colocar para fora uma porção de saliva, arranhando a garganta, percebendo que estava ficando rouco.

Nesse ponto, lembrou-se de que poderia valer-se dos espíritos que se diziam seus protetores e orou com bastante fé, rogando pela ajuda deles.

Como por encanto, desanuviou-se-lhe a cabeça, terminando a tontura que o punha desarvorado. Desejou inteirar-se da situação do irmão e ligou para a casa dele. Foi o próprio quem o atendeu:

— Pronto!

— Quem fala?

— Arnaldo.

— É o Zé. Você não estava...

— Tive uns tremores mas já passaram.

— Não foram aí uns policiais...

— Chegou uma ambulância. Foi você que mandou?

— Eu só liguei para a polícia.

— Não entendi.

— Mas a Maria me disse que você tinha sofrido um ataque do coração...

— O médico que me consultou disse que eu estava bem.

— Agora quem não entendeu fui eu...

— Quando você ligou, eu estava me preparando para ligar para você, se é isso que o está preocupando.

— Isto está parecendo conversa de surdos.

— Zé, vou colocar as coisas no lugar...

— Não precisa. Eu acho que resolvi o meu problema.

— Como assim?

— Quando a gente se encontrar, conto-lhe tudo. Tchau!

Não deu tempo para o Arnaldo responder: José já havia desligado.



No dia seguinte, consultava os guias de plantão na reunião mediúnica, fazendo-o em voz clara e precisa:

— Quero saber o que, na verdade, se passou comigo ontem à noite. Desconfio de que recebi uma lição prática, quer dizer, algo me diz que não devo confiar...

Foi interrompido pelo médium que recebia a incorporação espiritual:

— Se você aprendeu alguma lição, não fomos nós que lhe demos. Nós apenas nos achamos afastados de seu círculo magnético, para o qual você atraiu seres de vibrações mais densas, cujo intento era o de prejudicá-lo. Poderíamos, sim, empregar a nossa força moral para debandá-los, no entanto, preferimos ver até onde as coisas iam. Só interferimos quando você ameaçava correr o risco de dirigir embriagado. Mais lúcido, você rogou pela nossa ajuda e lhe prestamos um bom serviço, qual seja, o de eterizar os eflúvios alcoólicos, pondo-o em condições de raciocinar.

E mais não disseram nem lhes foi perguntado.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui