~*~*~*~CARTA A UM DITADOR~*~*~*~
Samambaia do Sul, 28 de março de 1998.
Querido Bastardo,
Espero que neste momento, prezado morimbundo, você esteja sozinho e doente em cima de uma cama. O càncer corroendo suas entranhas, os olhos vazados, quase cegos, e o fígado dissolvido por uma cirrose.
Que a morte esteja chegando bem devagar ao seu leito, e que todo seu minúsculo universo esteja completamente aos destroços.
Você nunca pensou que, um dia, as pessoas a quem você desrespeitou (e abandonou e humilhou) iriam abandoná-lo. Em seu mundinho exíguo, corroído pelo egoísmo, você era o rei, o ditador, aquele que estava acima do bem e do mal.
Ledo engano meu caro dejeto, a maioria se dispersou. Porém, alguns poucos conscientes esperaram o momento certo para surpreendê-lo e desmascarar suas mentiras. Mentiras cabeludas e criminosas que contou si mesmo.
Pequeno ser desprezível, tão pequeno quanto seu pênis eternamente adormecido.
Sua carcaça nojenta fede. Seus pupilos espertos, mais espertos que o próprio rei, -não que seja esta qualidade difícil de ser alcançada- armaram tocaia, viram-no cair e, rindo, viraram suas costas. Hoje, voltam para assistir, em cadeira cativa, Ã sua putrefação.
Infeliz demente, a cada dia seu corpo torna-se mais nojento. Suas nádegas (depósito secreto de sêmen) cobrem-se de escaras cobertas de pus.
Espero que as moscas que rondam seu leito, pousem em suas feridas, para que larvas tomem suas entranhas.
Desejo, ainda, que no instante de sua morte -sofrida e solitária-, você veja, diante dos seus olhos nublados e purulentos, todo reino por você disperdiçado.
E aí então, seus pupilos dançarão sob a luz da lua e das estrelas, cobertos com seu ouro aos pés de novo rei.
Assinado,
Sua Furunfinha.
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