Decerto, aqui e ali, vais notando, Daniel, um ou outro pequeno toque, que me permito introduzir para desde já ir evitando a repetição de vocábulos e desta forma enriquecer quanto possível a diversidade do léxico. Sempre que idêntico pendor se te suscite, não hesites pois em mexer e remexer, sugerir, eliminar, subtituir, acrescentar, etc., por forma a obtermos uma espinha dorsal que ao fim não venha a carecer de intensa revisão, que necessariamente teremos de fazer para harmonizar a globalidade da obra
Bem... Então prossigamos, pois e quanto a mim, vamos muitíssimo bem.
Prólogo
Torre da Guia = (TG)
A palavra fio a fio
Aqui tece a mel e fel
A nossa pele em cordel
Todo bragal com brio
Daniel Fiúza = (DF)
No vocábulo que crio
Tecido com emoção
Meu poema aceso em cio
Fecunda meu coração
Apresentação dos Autores
TG = 1
Sou filho de Portugal
Arauto em português
Aos ventos que Dona Inês
Pediu socorro final
Mas os ventos prosseguiram
A fingir que não ouviram
Como hoje tal e qual
DF = 1
Sou brasileiro cabal
Lá das bandas do Nordeste
Depois migrei pra São Paulo
Deixei a zona do agreste
Não digo que sou o bom
Mas pró cordel tenho dom
Pois sou um cabra de peste
TG = 2
No Porto tive por teste
O meu encontro primeiro
Com as tripas de um tripeiro
Que era um cabra assim-assim
Mas que no fundo e enfim
Deixou-me de semi-cabra
Aos pinotes à palavra
DF = 2
O início da minha lavra
Foi logo de tenra idade
Entre cantadores de feira
No auge da novidade
E daí me apaixonei
Tanto que não mais parei
Na inspiração que me invade
TG = 3
No meu caso a verdade
Dos primeiros passos meus
Ao abrir da mocidade
Dei-os com João de Deus
Que me entranhou o encanto
Dos versinhos pigmeus
Que hoje faço e agiganto
DF = 3
No cordel me levanto
E me deito sectário
Por ser meu quinto elemento
Com ritmo centenário
Criatura do momento
Em parto de sentimento
Como o ar tão necessário
TG = 4
Do enorme relicário
Em cordel no Brasil
Desconhecia o redil
Que parece um santuário
De poetas rendilhados
Pelo povo proletário
Em belos versos suados
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