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Contos-->A virgem -- 15/03/2003 - 10:26 (Clodoaldo Turcato) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos





Ontem encontrei a Cassiana, e ela não é mais virgem. Sei disso, pois se tem coisa que eu entendo é de menina virgem. Ela não tinha mais a mesma doçura, inocência e candura das virgens. Estava alta, esbelta, imponente, em resumo demais... mas não é mais virgem. Cassiana foi umas das alunas da primeira turma que dei aula no Colégio Ângelo Nadin. Lembro-me bem do dia de minha apresentação. Eram 31 alunos, apenas quatro meninos , o restante jovens adolescentes entre 14 e 16 anos. Algumas virgens, outras bem rodadas, mas todas lindas. Realmente, naquela turma deu gosto ser professor. Todas escolhidas a dedo, não eram CDFs, mas iam bem, muito bem.
De todas guardo algumas lembranças, mas da Cassiana guardei algo especial, devido a um fato ocorrido em um dia normal de aula . Vamos a ele:
Estávamos dissertando sobre o Livro Esaú e Jacó, de Machado de Assis. Eu falava sobre as diferenças dos irmãos que brigavam entre si, um defensor da Monarquia e outro, ao contrário, amante da república. A turma vidrada em mim. Naquela manhã eu estava deveras inspirado. As palavras fluíam num português surpreendente, auxiliado pelo cruzar de pernas da Cassiana, que resolveu vestir uma mini mini-saia, minúscula além da conta, que poderia ter me atrapalhado, mas nada, entre um cruzar e outro, uma olhadela disfarçada, eu sapecava a minha retórica. Estava eu divagando sobre como a influência política pode afetar os laços familiares, quando numa daquelas percebi um filete de sangue escorrendo pela coxa da menina. Mantive firme, não demonstrei menor sinal de alteração, mas em minha mente busquei uma solução para a questão. Como poderia avisa-la do inconveniente sem constrange-la , e pior sem que a turma percebesse meus olhares indiscretos?
Lá estava eu pelo quarto capítulo, e o filete aumentando. Mais dois minutos e pingaria. Tensão. Ela me olhava firme, e eu naquela: Falo ou não falo.
Parei com Machado de Assis, e fui até Monteiro Lobato. Guinada estranha, mudança radical de estilos.
_ Vamos neste momento para a prática. Criaremos aqui uma mini peça de teatro, recriando os personagens do Sítio de Pica Pau Amarelo - E o filete chegando - Bem, faremos a caracterização de Emilia e Visconde Sabugoza. Você Guito será o sabugo – risos – e você Cassiana a Emilia.
- Mas eu não sei quem é Emilia.
- Enquanto seus colegas vão ler a página vinte e cinco, do livro Reinações de Narizinho, você vá até a biblioteca para a caracterização, com certeza .... – o filete ia pingar, dez segundos - vamos, levante rápido, corra para a biblioteca.
Num gesto de flecha, joguei meu casaco sob suas pernas, pedindo que improvisasse este como vestido e puxei a moça mais que depressa para fora da sala. A turma levantou-se alvoroçada, tentando dividir os outros personagens, num entusiasmo fantástico, que nem perceberam.
Quando estávamos no lado de fora da sala, fiz ela saber de sua menstruação. Ela vermelhou.
- Limpa rápido com meu casaco.
Limpou e foi ao banheiro.
Voltou minutos mais tarde, limpinha, ajeitando suas roupas, com meu casaco todo molhado.
- Desculpe professor, acabei derrubando seu casaco no chão do banheiro. Teremos que improvisar outra coisa para meu vestido.
- Não tem problema, usa a toalha de apagar o quadro.
E assim encenamos. Ela fez uma Emilia admirável, feliz, poética e virgem.
Acabou a terceira aula e fomos para o recreio. Eu já estava próximo da sala dos professores quando ela me chamou.
- Queria agradecer ao Senhor pela ajuda.
- Que nada, espero não ter se importado.
- Claro que não, não esperava para hoje sabe...
- Isso acontece.
- Ainda bem que o Senhor estava de olho..não é!
Apenas sorri e segui para o meu lanche. Durante algumas semanas a olhei com diferença. Mas ela continuou na primeira carteira, me encarando, atiçado, sabendo que me atraia imensamente. Mantive firme, sem dar bandeira, embora ela tenha povoado meu banheiro por muito tempo.
No dia da formatura fui desejar-lhe sorte, ela me deu um beijo e sussurrou: “Poderia ter sido diferente...”
Realmente poderia. Mas foi melhor assim. Existem coisas que ficam melhores no campo espiritual que material. Como este tipo de amor platônico, que acontece espiritualmente, mas nunca se consuma no material. Mas enche a gente de uma alegria boba....

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