Usina de Letras
Usina de Letras
61 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62193 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10352)

Erótico (13567)

Frases (50599)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->A calça jeans importada -- 15/03/2003 - 10:25 (Clodoaldo Turcato) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



Depois da viagem à Primavera, e do sufoco todo, o Juvenal voltou pra casa cheio de idéias. De um emaranhado de empreendimentos, decidiu por abrir uma loja de roupas. Um feirão ao ar livre, estilo beira de estrada, como tinha visto em Coxim.
Na viagem de volta tinha mantido contato com uma sacoleira do Paraguai, que lhe garantira a entrega da mercadoria na sua banca. Era 300% de lucro; compra por um e vende por três.
Convencido de que tinha encontrado a galinha dos ovos de ouro, vendeu a XT, e fez sua encomenda. Uma bela coleção de roupas de quinta categoria, penduradas por prendedores de roupa em fios de varal.
Como de loja o Juvenal não entendia patavina, a disposição das mercadorias mais parecia um carro alegórico. Uma fila de calças jeans penduradas em carreira à frente. As camisas nos fundos presas por alfinetes em um quadro de isopor. As peças intimas, calcinhas, soutiens e cuecas, em um cesto misturado; para encontrar a vestimenta desejada; o cliente teria que revirar o cesto. Sobre essa baderna uma placa em letras grafais.
“ Loja do Juvenal.
Onde o pobre pode comprar e o rico economizar!”
Bem, no dia dez de abril foi a inauguração. A cidade em peso prestigiou. Como o espaço físico da loja era pequeno para tanta gente, virou uma bagunça, e por muitas vezes as cordas que suspendiam as roupas foram ao chão, deixando-as imundas. Se não bastasse, pelo meio da tarde deu um chuvão, durando cerca de uma hora. O povo se acotovelava, levando por várias vezes às prateleiras à lama.
Passada a inauguração, que não vendeu nada, o Juvenal meteu propaganda na rádio. Fez barulheira danada, conseguindo com isso vender algumas peças na base do 1 X 1. Nada milagroso, como a Paraguaia pré-destinara.
O motivo da pouca venda era a péssima qualidade dos produtos. Era muito ruim. As mulheres esticavam uma manga de camisa e a danada rasgava, levando os clientes a pagar o tradicional em outras lojas.
Certa tarde estavam na cidade o Senhor Belormino e Dona Alzira, velhos conhecidos do Juvenal. Eles vinham uma vez por mês para as compras. Passando diante da banca, foram ter com lojista. Quando viu os amigos, Juvenal foi ao encontro eufórico.
_ Compadre! Que surpresa o Senhor em minha loja.
_ Pois é compadre. Soube que o menino tinha aberto um comércio. Meteu a cabeça no lugar?
_ Pois é compadre, chega de cabeçada. Agora é pé no chão.
_ To gostando seu menino.
_ Mas, quer ver alguma coisa?
_ Deixa eu dá uma olhadinha.
O casal foi até o varal das calças. O velho botou o olho numa calça jeans.
_ É Pool legítimo, seu Belarmino.
_ Legítimo?
_ Primeira linha.
_ Pool?
_ É ... aquela que o senhor veste e elas atacam.
_ Elas quem? – Perguntou indignada Dona Alzira.
_ O comercial da televisão, comadre.
_ Há!
_ Mas é boa mesmo compadre?
_ Mas garantido! Olha a qualidade, coisa fina.
_ É porcaria, não vale nada, imitação. – Interferio a comadre.
_ Não brinca comadre. Eu garanto a mercadoria. A Senhora me conhece, eu mão ia enrolar o compadre.
_ Uma calça dessas não sai por menos de setenta pila.
_ Comadre, isso é preço desses lojistas ai, tudo doido pra carnear o povo. Eu não. Vendo baratinho, e não perco dinheiro, eu não que enriquecer da noite pro dia não. Sou cabra honesto, num gosto de ganância. Pode levar é coisa de primeira, e por este preço, só vinte e três!
O casal ficou com uma baita pulga atrás da orelha, mas em consideração levaram a calça. Finalmente uma venda. Mesmo que na pressão, essa primeira venda seria o início de muitas. Um freguês puxa o outro.
No outro dia, loja vazia, o Juvenal olha pro meio da rua e, lá vinha seu Belarmino furioso, com a calça “legítima” pelas canelas. A mulher dele tinha lavado, e de tão ruim que era o tecido, tinha encolhido dez centímetros. Vendo a fera chegar, o Juvenal não se fez de rogado. Lá no meio da loja gritou:
_ Compadre, como o Senhor cresceu!
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui