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Cartas-->Fantasias e desejos -- 20/12/2002 - 15:28 (Guimaraes Julia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Fantasias e desejos

Eu tenho um canto. É onde eu me reconecto, onde normalmente sob a fumaça de um charuto eu vôo. Vôo voos sem destino, movido por alguma força interna que desconheço mas reverencio.

Nesse canto tem uma lareira, um sofá, um abajour. Muitos livros empilhados, uma garrafa de vinho e o cinzeiro. O fogo crepitando na lareira é elemento indispensável para a partida. Você, essa que tenho dentro de mim, é companheira freqüente de minhas jornadas.

Ontem estávamos em um trem. Na Europa. Imagine o Expresso de Estambul. Imagine o ar do século passado. Você estava vestida de vermelho. Vestido justo, ligas pretas que se denunciavam pela fresta do vestido, absolutamente mundana. Apesar disso, você tinha um certo ar de mistério, inatingível. Sentada em uma mesa no carro restaurante, fumando um cigarro - piteira, é claro - com o olhar perdido. Sentei-me à sua frente. Você me olhou, demoradamente, tentando amedrontar-me pelo atrevimento de sentar-me à sua mesa sem pedir licença, ao mesmo tempo em que me media.

Nada dissemos. Você voltou a fumar, sem dar importância à minha presença. Antes mesmo de você me olhar, antes de sentir seu perfume que me embriagaria momentos depois, eu já estava apaixonado. Pedi champagne, e duas taças. Uma delas foi servida à sua frente. Sem me olhar, sem falar, você começou a beber.

Sem saber porque, comecei a falar de mim. Comecei a contar-lhe minha vida. Uma vida sinuosa, como o caminho que o trem fazia atravessando os Alpes. Lá fora o tempo estava muito frio, com neve e gelo cobrindo tudo. Aqui dentro, tudo quente e misterioso.

É assim que imagino você. Imagino você e eu, se nos encontrássemos em outros mundos.

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