Criando um ser que brinca pelas palhas de cana, desce ladeira no chão de barro e brinca de esconde-esconde na antiga moradia dos avós. Vários quartos enormes com pé direito elevado, típico dos grandes casarões. Portas em paredes com largura a lembrar casas de engenho, piso ainda de tijolo antigo, cozinha grande e abandonada contando com a presença de uma máquina de moer cana pra alegria da criançada. Cheiro de cana queimando, anunciando a colheita trás à tona lembranças vívidas apenas pelo contato físico do local. Rua de barro, carro de boi... tudo tão primário que lembra uma incubadora que mantém viva a memória do passado. Ser o futuro sem nele estar, ser o passado sem tê-lo vivido e ser o presente que a ambos acolhe. Ser nos três tempos, estando apenas em um na presença física quando a vontade seria de estar lá no passado, onde tudo começou e ainda havia um sonho. É medonho tanta lembrança sem saber o que fazer com ela, a amargar o sabor do presente da menina que debruça na janela que estreita seus horizontes nos aondes que possam ser sondados. A palha ainda queima e a fuligem corre pelas casas fazendo o passado cinza ser, o presente ser visitado e o futuro almejado no brilho do olhar daquela menina que ainda vive na caverna incubadora da história sem memória.