"Um poema sem outra angústia
que a sua misteriosa condição de poema"
Mario Quintana em [O Poema]
Bebeu o café em um só gole, breve gosto de uísque importado. Quase a mesma sensação que a cocaína, pensou. Pagou para a moça de olhos azuis e grandes seios, saiu pela porta automática. Esperou o momento certo para atravessar a rua, entrou na barbearia. Sacou o trinta-e-oito que escondia no casaco, firmou o braço e disparou três vezes contra o barbeiro. Olhou-se no espelho e ajeitou o penteado, depois cortou a própria garganta com a navalha do velho. O som das ambulâncias se confundia com o gosto agudo do sangue escorrendo pelo corpo.