Silêncio de Vida e Morte
Elane Tomich
Em silêncio eu confesso,
que o silencio não existe.
ainda que inaudível,
ainda que indizível
que no vazio persiste,
entre o querer e o confesso.
Sempre existe um ruído
um desejo, um pensamento,
um pedido ao pé do ouvido.
Na alma o som que fermenta,
que a calma da alma é lenta.
No sono o sonho é insone,
anarquia do sem nome,
festa que me consome
no ritmo dos meus mitos...
Lá fora me acorda um grito!..
O estrondo da explosão
do lado de lá do mundo,
dói sem dó o coração,
que de perto o som perfura
atinge do peito, o fundo
nas balas da perdição.
Também há o ruído leve
o riso alegre da rosa
seu suspiro fundo e breve
pardais, vento na varanda
e mais dois dedos de prosa
som com cheiro de lavanda.
O clamor do olhar tristonho
de um criança na rua,
faminta de amor e sonhos
vestindo trapos de lua.
E apesar dos pesares,
cantam as ondas dos mares...
Há quem acredite na sorte
da paz calada da morte.
Quem sabe e há de saber,
almas de insano querer?!...
Vai que a morte , no entanto,
é o derradeiro acalanto.
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