Num consultório a rigor
Estava um oculista
Na rotina de doutor
Para lograr boa vista
Que no caso foi benquista
A um dado paciente
Que não via mesmo à frente
As letras primordiais
Sendo assim mais um dos tais
Para operação urgente...
O doutor foi insistente
Numa última tentativa
Mas o doente à deriva
Afirmou que infelizmente
Não lia o evidente
Pelo que sem mais esperar
Teve a intervenção lugar
Já que daí dependia
Que aquilo que não via
Pudesse em luz retornar...
Acabado de operar
O doente preocupado
Quis saber que resultado
Poderia aguardar
No futuro o seu olhar
Respondendo-lhe o doutor
Que a vista estava a primor
E com sucesso evidente
Pelo que dali prá frente
Veria sim... Sim senhor...
Feliz de ouvir o doutor
O doente admirado
E bastante emocionado
Às raias do esplendor
Em muito grato louvor
Retorquiu logo em directo:
Se vejo assim tão correcto
Doravante posso ler
Mesmo sem nada aprender
Já não sou analfabeto!