Cordel... Fio por fio
Irei eu aqui tecer
Impondo o desafio
Ao meu próprio saber...
A quadra a anteceder
A quintilha e a sextilha...
A sétima que é a fazer
A preferida que brilha
E a que mais se faz valer...
No meu caso a pender
A sextilha sai-me bem
Ao ritmo da inspiração
Do que pretendo escrever
Sobre mim ou sobre quem
Me passar no coração...
A métrica... A rimação...
O conteúdo a expor
Terão de ter o condão
Que do ódio faça amor
Para que os versos enfim
Que sejam feitos por mim
Mereçam consagração...
A oitava foi timão
De Camões superiormente
No decassílabo vigente
Na mais alta inspiração
Do vate que tanta gente
Sem saber ignorou
E que depois levantou
Da morte em verbo eminente...
A nona não é corrente
Ou sequer muito usual
Mas pode ser afinal
Uma estrofe bem assente
Se a rima for fluente
E o conteúdo bastante
Para assim justificar
Com harmonia a calhar
A escolha do debutante...
A décima é diamante
Do peculiar versejo
Que existe no Alentejo
No ventre mais que amante
Daquela terra a montante
Dos poetas alfacinhas
Que fadaram louvaminhas
Nas cantigas de Lisboa
Que transportam de canoa
As tágides como rainhas...
Por fim quase de gatinhas
Bem à moda de Aleixo
Ó cordel... Aqui te deixo
Mais uma quadra das minhas!...