Luiza é dessas mocinhas que sentem cólicas. Linda ela em seu ronronar de quem está com as contas em dia e nada deve ao cartão de crédito. Pequena ainda, mas já dá pra ver que nasceu como bumbum pra lua, como se diz.
Nesta idade, tem uma rotina mais ou menos fixa. Felizmente, é o normal. Dorme um pouquinho, chora um pouquinho, mama um pouquinho. Entre uma e outra coisa, faz uma sujeirinha, mas é coisa pouca. Em geral, está cheirosa em seus trajes da moda. Exigente, não toma qualquer leite, diz que precisa se cuidar. Eu, aqui comigo, acho que ela nem precisa se cuidar, já que cuidam tão bem dela. Vai ver, já está prevendo a independência.
Outro dia fui visitá-la, mas ela estava ocupada e não póde conversar muito comigo. Ficou olhando com um certo tédio, imaginando o que eu queria ali com aquela cara de songa-monga.
- Nunca viu um nenê não? Vai dizer que sou uma gracinha? Se disser que sou simpática, vou falar com meu pai.
- Não, você é linda. Verdade. Quer dizer, você também é simpática, mas é muito bonita.
- Ah, bom.
Analisando assim de fora, tudo indica que a mãe seja de bom senso e parece saber tudo sobre o cuidado de crianças. O pai, sem dúvida, é um bom pai. O problema é seu tamanho. Já não se encontram babadores do seu número.
Seja bem vinda, mocinha.
Escrito em 12.07.2000
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