POEMA DA DOR
Por essa estrada pisei
Com pés descalços,
Os feri em pedras e espinhos,
Formando chagas doloridas,
Pensando jamais serem curadas.
Minhas mãos abriram caminho,
Na estreita estrada da vida,
Feridas, calejadas,
Só na esperança fortalecida.
Meu coração por vezes cansado,
Perdia o ritmo, descompassado.
Meus olhos já não havia lágrimas,
Todas elas foram derramadas,
Alagando a longa estrada.
Ao longe só queriam enxergar,
A luz que me acenava
Distante no horizonte.
Minha alma morreu tantas vezes
No silêncio que vinha da noite.
Visitei o inferno da dor,
O grande escuro da solidão.
Vi-me em poços profundos,
Querendo subir, emergir,
Querendo dessa dor fugir.
A estrada de estreita foi se abrindo,
Lentamente deixando atrás
O triste caminho.
Meus pés podiam sentir a relva,
Minhas mãos tocavam flores,
Meus olhos alcançavam a luz,
Meu coração pulsava calmo,
E minha alma agora renascia,
Do breu das trevas
Para o amor e a vida!
Cleide Yamamoto.
|
