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Cordel-->A NEGRA DA CACHOEIRA E O TOURO BARBATÃO -- 13/09/2001 - 03:29 (joão rodrigues barbosa filho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nas bandas de Acari
Numa extensão de cem léguas
Aconteceu essa estória
Três vaqueiros de rédeas
Se não me falha a memória
Viram belo barbatão

O negro Chico Luiz
Zé Cardozo e Pedro Preto
Faziam no gado inspeção,
De repente Pedro diz:
Compadres venham com jeito
Ver que grande barbatão

Tirando nas pedras fogo
Fumaça pelas narinas
Era o dono da Malhada
Já se antevia o jogo
Ia haver lá na caatinga
Uma grande vaquejada

Os coronéis em disputa
De ter o melhor vaqueiro
Incitaram uma luta
Pensando também no dinheiro
Quem seria o batuta?
A trazê-lo ao terreiro

Muito vaqueiro chegando
Zé Cardozo e Pedro Preto
Antonio Mulato e Vicente
Todo mundo aboiando
Cada qual a seu jeito
Já de antemão se gabando

Quando já pronto o aparato
Pra pegar o barbatão
Notaram a falta de um
O da Cachoeira do Sapo
Do Coronel Zé Gusmão
Teria dado chabu ?

Por ser homem de palavra
O citado coronel
Foi a saída adiada
Quando se ouviu um tropel
Ali bem perto na estrada
Apareceu um chapéu

E logo se via um vulto
Saaindo da escuridão
E houve grande tumulto
Com aquela aparição
Era uma baita de nega
Montada em um alazão

Boas noites, minha gente !
Me manda o Coronel Gusmão
Não cheguei tão de repente
Pois fui arrumar o gibão
Se quiserem vão na frente
Não exijo distinção

Disse isso com altivez
E logo foi apeando
Não ocultou a prenhez
Que ela estava portando
Pego o bicho de uma vez
E digo, não estou blefando

Houve então um murmurinho
Mas ninguém tava sorrindo
Quando visse o barbatão
Ela acabava parindo
Devia deixar o alazão
E cuidar do seu menino

Era o alvo dos olhares
A tal nega Filomena
Boto onde botares
Dizia ela serena
O melhor é esperares
Quando me vires em cena

Já amanhecendo o dia
A cavalgada largava
E era grande a euforia
Que a todos acompanhava
Havia muita folia
Quando avistaram a Malhada

E em cima de serrote
Contemplando a multidão
Aquele animal de porte
Riscava as patas no chão
Teria luta de morte
Ali, naquele sertão

O touro então dispara
Pra dentro do mofumbal
E assim começa a algazarra
Com um barulho infernal
E o mato se escancara
Com tanta quebra de pau

Naquela perseguição
O cavalo do Cardozo
Pisa no ¨talo ¨do de Chico
E os quatro vão ao chão
Parecendo um corisco
Com barulho de trovão

É grande aquela lida
Pedro Preto já no chão
No peito um pau de jurema
Perde a cela o Zé de Rita
E quase tudo é desdita
O que se vê lá na cena

Foi um rebuliço danado
Por todo aquele dia
Barulho de pau quebrado
E relincho se ouvia
E o touro endiabrado
Notícia não se fazia

Muito gibão rasgado
Cavalos que davam pena
Tanto orgulho quebrado
Quase que uma centena
Só quem não tinha voltado
Era a nega Filomena

A noite foi quase novena
Houve tudo de oração
Mas tudo com muita calma
Rezavam pra Filomena
Ou melhor, pra sua alma
Com medo de aparição

Já o dia amanhecido
Na Lagoa da Malhada
Quando encontra o Zé Luiz
A negra e um recém-nascido
Que ela ali amamentava
Era um final feliz

E adiante enfurecido
A debater-se no chão
Com corda, máscara e peia
E com o orgulho ferido
A espojar-se na areia
O famoso barbatão...
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