É esta solenidade
Que faz o povo pensar
Se não seria demais
Parar para meditar.
Cansados todos estamos
De estar escrevendo em vão,
Pois, ao sabor da penada,
Nosso irmão fica na mão.
Nosso amigo que, outro dia,
Veio trazer sua fala
Deixou-nos mui preocupados
Porque consente quem cala...
Não suponha, caro irmão,
Que de tempo seja perda
Ficar escrevendo a esmo:
De pêlos se fazem cerda...
Que triste figura temos,
Ao chegar este momento:
Parece que o mundo todo
Rima como passa o vento!
Muito estranha é a melodia
Quando ouvimos a distância:
Terá sido impressão nossa,
Ou terá certa importância?
Agora o fluxo das trovas
Nos apresenta embaraço.;
Será que retrocedemos,
Ou é fruto do cansaço?
Quanto tempo despendemos,
Nesta horinha fugidia:
A pena corre deveras.;
O trabalho regredia.
O sono já fecha as pálpebras
Ao sonolento escrevente.;
Que dizer destes poetas
Que estão ao lado da gente?!
Como este dia é sagrado,
Deveríamos parar,
Mas a nossa persistência
Obriga-nos a teimar.
As labaredas do inferno
Vão crestando, lentamente,
Os maus hábitos que, outrora,
Dominaram nossa gente.
Assim, com muitos carinhos,
Aos poucos, bem aos pouquinhos,
Navegam para o infinito
Muitos dos entes benditos.
— “Seja Deus onipotente
Pai amoroso e clemente!”
Sinto muito, caro irmão,
Não ter nenhuma intuição
P’ra deixar algo feliz.;
Mas, se o nosso coração
Souber emitir perdão,
Será um ótimo juiz.
A mediunidade é força
Que todo humano possui,
Vamos tão-só descobrir
Donde é que a bendita flui.
Devagar, vou descobrindo
Que existem desejos vãos,
Mas outros são ponderáveis,
Formulados por irmãos
Que cumprem certo o dever
De dar bom curso ao prazer
De efetuar a sessão.
Rapidamente, amiguinho,
Vamos bem elaborando
Algumas trovas certinhas,
Conforme vão se mostrando.
Assim que nós estivermos
Com nosso alvará na mão,
Iremos buscar assunto
P’ra alegrar o nosso irmão.
Nesse momento supremo
De grande contentamento,
Há de ficar o amiguinho
Certo deste fundamento,
Porque verá, no versinho,
Fluir nosso pensamento
E da nossa aleivosia
Vai acabar o tormento.
Se o dia não for bonito,
Se a noite não tiver lua,
Espero ser esperança
Tudo o que este irmão possua.
Vale sorriso, alegria,
Valem flores no jardim,
Vale ainda a fidalguia
De se lembrarem de mim.
Os versos de antigamente
Vinham na hora certinha
Em que deles precisávamos.;
Agora é esta quadrinha...
A gente antiga dizia,
Com toda sinceridade,
Que iria chegar, um dia,
De plena felicidade.
Este povo de hoje em dia
Só deseja usufruir,
Pensando no dia em pauta,
Esquecido do porvir.
Não deixe, bom amiguinho,
A preguiça interferir,
Pois aí é que sabemos
Não estará Wladimir.
O verso ditado acima
Não tem significação:
É que estamos só treinando
P’ra cumprir nossa missão.
Vale muito a persistência
P’ra quem deseja vencer.;
É como estamos agora
Vendo esta trova crescer.
Quando o assunto comparece,
É fácil de organizar,
Pois a rima chega em breve,
Debaixo do nosso olhar.
Se você se vê perdendo
De todo a satisfação,
Lembre-se que foi quem quis
Esta forma de escansão.
Ritmos, hinos e harmonia
São coisas muito altaneiras,
Que ferem nossos ouvidos,
Quando se mesclam de asneiras.
Que vergonha, caro irmão,
Não produzir coisa alguma
Que possa trazer à alma
Esperança que não suma!
Saímos bem apressados
Daquele engavetamento.;
É que nem tudo na vida
Termina em mau sentimento.
Que louco compasso é este
Do qual jamais eu sossego?
É péssima reflexão!
Estou cansado e não nego.
Caridade é sentimento
Que brota no coração,
Toda vez que nos lembramos
Das dores do nosso irmão.
Os versinhos vão tomando
Cores, formas, emoção.;
Quanto bom iria ser
Se tivessem perfeição!
As rimas que se apresentam
Nesta forma de operar
São as mais fáceis e simples,
Mas inda fazem chorar.
Que bom seria se fôssemos
Mas hábeis versejadores.;
Após tanto versejar,
Já seríamos doutores.
O que pesa nisto tudo
É o fato de que não temos
Serenidade em fazer
Tudo o que nos prometemos.
Um, dois, três — e ficaremos
Bem no finzinho da folha.;
Aí, por certo, estaremos
Pondo na garrafa a rolha.
Mais um dia se passou,
Nesta fase de treinar.;
Vou esperar com paciência
Que consiga terminar.
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