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Cordel-->Ilustrando os Poetas CordelistasDa Usina de Letras -- 18/06/2004 - 15:51 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
São João... Duplo til... Em Portugal e no Brasil...













O MAIOR SÃO JOÃO DO MUNDO
Por Lucas Tenório

Poeta Antônio, parabéns!
Da Mulatinha o Cordel
Diploma, nota e anel
Provaste aquilo que tens
Tens uma língua ligeira
Afiada é tua rima
Rogo-te só por estima
Mais cautela com o que diz
Esse páreo do concriz
Na sentença derradeira.

Poeta Antônio Mulatinha
Dessa arte que ensinas
Sou tão-só um estudante
Tu decerto és de Campina
Podes não levar diante
Essa postulação minha
Da terra que vou falar
Não tenho muito cacife
Entendo de passear
Quando saio do Recife.

Campinense, trovador
Poeta de terra boa
Agrestino, cantador
Natural teu verso soa
E sincero me pareces
Entretanto tu esqueces
De um detalhe crucial
No louvor à tua festa
O que não digo por mal
Nem pra cutucar a besta.

Não sou muito de Igreja
Nem político conheço
Quase tudo tem seu preço
Não a natural peleja
Cujo tom é o respeito
Falarei breve e sucinto
E como você não minto
Naquilo que vou dizer
Na hora de esclarecer
Um senão sobre o assunto.

A bela Campina Grande
Virtuosa, afamada
Por muitos acalentada
Um viço que só se expande
Terra de muitos doutores
Boas universidades
Poetas, compositores
Legião de sumidades
É por nós apelidada
De apanágio de valores.

Lembraste-me o Cunha Lima
Um poeta caloroso
Cujo verso rima e prima
Pelo timbre vigoroso
Dum poetizar rotundo
Entretanto também dito
Da leitura do escrito
Meu amigo, o senão
Tua festa de São João
Não é a maior do mundo.

Trovador do meu Nordeste
Não só meu mas teu também
Nele não houve ninguém
Que não foi cabra da peste
Ao cantar suas paragens
Teve o cego Aderaldo
O Patativa do Assaré
Tem o mestre Ivanildo
E o capeta Caribé
Num floreio de visagens.

E teve o cabra de Exú
Do sertão Pernambucano
De gibão a couro cru
E roupa de grosso pano
Que aclamou uma cidade
Do Agreste do Leão
E digo de seu São João
Num grito severo e fundo
De toda a constelação
Que é ele o maior do mundo.

Cidade de Vitalino
De poetas repentistas
De uma penca de artistas
Homem, mulher, menino
Também de universidades
Gente até da Academia
Mestres em Humanidades
Doutos em Filosofia
Terra da genialidade
Do também mestre Galdino.

Ela é nossa Capital
Da agrestina região
Não dista do litoral
Muita estrada, muito chão
Depois da Serra das Russas
Pouco antes de Pesqueira
Logo depois de Bezerros
Fica a cidade da Feira
Que tem o melhor São João
Do universo forrozeiro.

Desse escol de ceramistas
Tem-se no Alto do Moura
Um lugar como se fora
Casa própria dos turistas
O maior centro de artes
Desse nosso continente
Quem vai lá leva presente
E distribui por toda parte
Inda leva como encarte
Uns versos de cordelistas.

Voltando a falar da Feira
O que a celebrizou
Foi nosso Luiz Gonzaga
Que feito corte de adaga
Numa moda emboladeira
Totalmente a esquadrinhou
De tudo se encontra nela
Viram lá o Santo Graal
O Sudário Divinal
E uns torçais de Santa Estela.

O centro dessa cidade
Meu poeta Mulatinha
É de tal serenidade
Que da minha escrivaninha
Arrepia-me lembrar
Seu comércio, sua gente
Seu clima nem frio nem quente
Suas casas e igrejas
Culinária, tudo enseja
Um gostoso embriagar.

Ela é força interiorana
Desse Estado progressista
Tem as vozes ativistas
Ecoando na memória
Um lugar agraciado
De há muito anunciado
Como parte na História
Um orgulho pro seu povo
Desde o velho até o novo
De uma estirpe promissória.

Meu poeta campinense
Antes que padeça rouco
Vou então falar um pouco
Do seu grande São João
Turistas mais de um milhão
Da nação e até de fora
E por vinte e quatro horas
Tanta dança e mais chamego
Que haja raça e resfolego
Pra aguentar o seu rojão.

Mestre Antônio Mulatinha
Tudo o que possa pensar
A cabeça de um cristão
Sobre o que tem num lugar
Numa festa de São João
De fato tem nessa terra
Tem um arraial gigante
Com artistas populares
Dos diferentes lugares
Pipocando o pé de serra.

Tem nas ruas da cidade
Todo tipo de quadrilha
O que lá se chama drilha
Na voz da modernidade
Tudo que é apresentação
Dos estilos nordestinos
De Xote, Xaxado, hinos
Do Xamego e do Baião
Lá se encontra de verdade
Cobertos de precisão.

Tanta gente, meu poeta
Tanta mulher das rendeiras
Tem fogoza e rezadeira
Inocente ou bem esperta
Uns cabras bacamarteiros
Uns antigos cangaceiros
A contar de Lampião
De tudo lá muito presta
Por isso o santo lhe empresta
O primado do São João.

Essa cidade arretada
Pra festa descomunal
Fica toda espoletada
Meu poeta Mulatinha
As comidas, as bedidas
As famílias nas calçadas
Bandeirolas, barraquinhas
Fachadas ornamentadas
Vêm lembrar a Xanduzinha
No tempo de embonecada.

Poeta da Mulatinha
Tudo lá é exagerado
O cuscuz, o milho assado
A canjica mais pamonha
E a duração da festa
Por isso tudo, amigo meu
Numa afirmação modesta
Juro até por São Raimundo
Que melhor São João do mundo
É mesmo o nosso e não o seu.

Antônio da Mulatinha
Dessa folia medonha
Sem engodo ou artimanha
Disse o pouco que conheço
Peço agora o endereço
Pro convite nesse verso
De uma Coral Verdadeira
Que engole o cururu
Pro senhor saltar fogueira
Na festa em Caruaru.


(Em resposta ao cordel
"O Maior São João do Mundo",
do poeta popular Antônio da Mulatinha.)


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