Este dia já está sendo
Muitíssimo proveitoso.
— O mediador está vendo
Que vai sair vitorioso.
Não queira aí espantar-se
Diante de tais sucessos.
O mais que vamos fazer
É estimular-lhe os progressos.
Não vá prender-se por nós
Ao intentar escrever.
Saiba que temos razão
Em desejar compreender.
As primeiras tentativas
Pareceram superiores.;
A derradeira, entretanto,
Já não mereceu louvores.
Não se aborreça, amiguinho,
Com esta simples escrita.;
Mais importante é saber
Ser a existência infinita.
Sabemos bem, de sobejo,
Que tem o escrevente tino:
É sábio, é mestre erudito,
Mas não passa de menino,
Quando tenta a redação
Nesta forma de escritura,
Pois não basta ter cultura:
É preciso inspiração.
Não vamos continuar
O médium atenazando,
Já que é impossível rimar
Termos que estamos ditando.
Ante os perigos das rimas
Não sabemos prosseguir.;
É, por isso, que dizemos:
— “Muita calma, Wladimir!”
Falemos hoje de paz,
De amor, virtude e perdão,
Sem esquecer que Jesus
Nos tem em seu coração.
A vaidade, que, uma vez,
Fez crucificar o Cristo,
Inda se integra nas almas,
Dizendo, feliz: — “Existo!”
Raramente alguém fará
Poesia com liberdade,
Sem que tenha definida
A sua mediunidade.
Todo o critério que um dia
Fundamentou minha voz
Está agora bloqueado
Por inteligência atroz.
Ridícula a tentativa
De conseguir algo bom,
Mas treinamento é preciso
P’ra esclarecer nosso irmão.
Sapequei mais uma vez
Termos de baixo calão,
Porém, o amigo interveio,
Dizendo: — “Cuidado, irmão!”
Este amor que Jesus veio
Pôr nos corações bem fundo
Necessitou do correio,
P’ra se espalhar pelo mundo.
A porta estava trancada,
Quando cheguei a este ponto,
Começo a entender agora
Porque tanto desaponto.
Estou começando a livrar-me
Das peias que prendem a mão
De sorte que em bem pouco tempo
Iremos fazer sensação.
Raramente alguém compreende
De que forma se desata
A mente que está falida
Como uma podre batata.
Eis que este dia promete
Ser bastante proveitoso,
Desde que a pena percorra
Este trajeto gostoso.
Aos poucos vão despontando
Flores em nosso jardim,
Com um pouquinho de esforço,
Alcançaremos o fim.
Amigo, deixe de lado,
Esse ar de preocupação,
Porquanto é isso que amarra
Esta nossa confecção.
Os ditados de Jesus
Trazem ao povo reunido
Bastante clareza e luz,
P’ra que se sinta perdido.
Desamarrei o que estava
Completamente amarrado.;
Aos poucos fui despertando
O que se achava guardado.
Eis que é preciso dizer
Que estamos mui satisfeito.
É como se no jardim
Brotasse um amor-perfeito.
Não nos vamos iludir
Com vitória pequenina.;
É preciso prosseguir,
Fazendo a coisa em surdina.
Realizamos o treino.
Parece que progredimos,
Mas a vitória se dá,
Quando nós a permitimos.
Coma feijão com arroz,
Batata-doce e café,
Mas não se esqueça, também,
De rezar, com muita fé.
“Oxente”, caro menino!,
Começo a compreender
Que já está o ponto de encontro
Bem prestes a acontecer.
Fiquemos nas mãos de Deus,
Ergamos o pensamento,
Sintamos estar nos céus,
Sigamos o ensinamento
Do nosso amado Jesus,
Que nos trouxe a sua luz,
P’ra transformar o momento
De tanta felicidade,
Em amor terno e profundo,
Mais que a grandeza do mundo,
Para toda a eternidade.
Já não pense, companheiro,
Que os outros amigos médiuns
Tiveram sorte e sossego,
Ao começar o apanhado
De tão difíceis dizeres.
Saiba que muitos penaram
E muito se preocuparam,
Ao tentarem dar início,
Ao que mais tarde parece
Acontecer por acaso,
Como se fosse facílimo
Oferecer nosso braço
Para esta psicografia,
Como ato de mecânica.
É que os dias vão passando
E nós não nos damos conta:
O que fica registrado,
Bem impresso e publicado,
É o que cai aos nossos olhos.
Vamos, agora, saber
O que se passa no etéreo,
Quando se quer atender
A quem, com tanta vontade,
Se põe tão logo a escrever,
Talvez por necessidade,
Pois, certo dia, disseram,
Com toda a sinceridade,
Que o objetivo desta vida
Era ter mediunidade.
Eis que a escuridão se alastra.;
Quase não dá para ver.
Por isso mesmo, querido,
Não pare mais de escrever,
Quem sabe esteja por perto
O momento de saber
Que é já chegado o momento
De tudo ficar sabido:
O que se queria obter,
E o resultado auferido.
Não pare, nós lhe pedimos,
Prossiga na mesma linha,
Estamos quase chegando
Ao ponto que programamos,
Porquanto, se há treinamento,
Da parte do amigo médium,
Também nós, aqui do etéreo,
Vamos imprimindo ao cérebro
Um movimento esquisito,
Muito lento mas propício
Ao apanhado de idéias
Que se fazem necessárias
Para que se possa chegar
A oferecer qualquer dia
Um pouco desta poesia,
Mesmo que esteja somente
Na cabeça desta gente,
Sem nada de sentimento,
Porque a hora é chegada,
De abandonar esta estrada,
Deixando o bondoso amigo
Lembrar-se do trato antigo.
Eis que haverá presunção
De poder oferecer,
A quem interessar possa,
Nossos préstimos de amor.
Não há de faltar socorro
P’ra quem experimentar
Chegar ao ponto em que estamos,
Para poder exprimir
Termos de serenidade
Ao amigo Wladimir.
Vamos ficar “na saudade”...
|