Todos os dias
pessoas compram
pessoas.
Todos os dias
as mesmas pessoas se vendem
e se compram todo dia.
Tudo é sempre um mar
na beira das mesmas ilusões
dessas pessoas. Com sonhos
urbanos na noite.
Quando a chuva vem,
só o desespero da vida
que não se leva, esquecemos
o bom sentimento perdido nas
entranhas desta nuvem de chumbo.
Meus milhões de pensamentos
de segredos e desejos sufocando
esta garganta como um soldado
na guerra sem saber com quem lutar!
Estou vendendo minha vida
por um preço de ninguém,
meus tortos desabafos não me
prendem a alguém...
Meus olhos, pesados, mutilados
num assalto com guerrilhas de
crianças no asfalto...
Já caiu o sinal,
doce fantasia mental,
um corpo está no chão,
na selva de pedra...
Rio de Janeiro, agosto de 2002. |