Literatura de cordel
Por Airam Ribeiro
Em 28/03/04
A rua três de maio do firmamento
Minha rua está vazia
A tristeza me domina
Porque dela foi embora
A minha amiga Hermina
Também foi senhor Manoel
Que morava mais cima.
Seu Selvino também foi
Aquele velho bacana
Que até já encontrou
Com sua filha Ana
Que também deixou a rua
E a sua mãe Joana.
Quando Izaú morreu
Rosa ficou chorando
Cacá com o tio Telino
Com Bela foi encontrando
Relembrando o passado
Que os três viviam brigando.
Dona Odília foi um dia
Até encontrou com Gazim
Que também morou na rua
Bem pertinho de mim
Morreu também saudades
O seu filho Joãozin.
Cada qual vai a seu tempo
Não vamos ficar de fora
Uma também que já foi
A minha visinha Senhora
E qualquer dia eu irei
Assim que chegar a hora.
Não posso aqui esquecer
Que na rua morou um dia
A mãe do amigo Carlão
Nossa vizinha Maria
Que morava lado a lado
Com o amigo Zé Bandinha.
Lembro de dona Joana
Nossa querida parteira
Era a mãe de Marin
Ela foi a primeira
Que também era famosa
Por ser boa rezadeira.
Zé Celeiro saiu daqui
Foi morar em São Paulo
Por lá ele morreu
Num ataque de estalo
Morou também nesta rua
É por isso que eu falo.
Dona Preta conheci
A esposa de seu Manoel
Que também encontrou com ele
Nas avenidas do céu
Não poderia deixar
De citar neste cordel.
Um dia eu fui buscar
Lá pras bandas de Goiás
O amigo Juca Ribeiro
Que foi o meu velho pai
Pra nesta rua morar
E quase daqui não sai.
Dona Zuleica e Josino
Eram os pais de Bicuí
Estes se foram um dia
Nos deixando aqui
Por último foi a Bela
Bem depois de Marin.
Passou por aqui um dia
Sendo uma das primeiras
A dona Clemência
Uma famosa rezadeira
Foi a mãe de Dolírio
E também foi uma parteira.
Também morou nesta rua
A senhora Rebeldina
Morreu já muito idosa
Era pessoa muito fina
Ela se foi já bem velha
Por que era sua sina.
E Antonio Couve foi
O seu querido marido
Esse foi depois que ela
Daqui já tinha saído
Os dois viveram aqui
Sem nunca terem traído.
Morou em nossa rua
A senhora Mariquinha
Cunhada de Manoel
Acima de Toin Mulinha
E Augusto pai de Julita
Que também era vizinho.
Cilas morreu em São Paulo
Ele também morava aqui
Para quem não o conheceu
Era o irmão de Bicuí
Que tem uma padaria
Bem em frente a Deli.
Sinto saudades de todos
Porque eram meus vizinhos
Todos me tratavam bem
Com respeito e carinho
Não esqueço de Ubaldo
Aquele meu amiguinho.
Estes são os que já moraram
Na pequena três de maio
E que eu coloquei
Neste pequeno trabalho
Moro nela há muito tempo
É nela que mora Caio.
Pelo que estou vendo
E citando no momento
Tem uma rua três de maio
Por aí no firmamento
Que Deus mandou fazer
Para este Seu intento.
E também uma casinha
Deve estar reservada
Para este inspirador
Este velho camarada
Que ama os seus vizinhos
E não troca isso por nada.