O caminho de Jesus,
— Será bom não esquecer —,
Prometia muita luz,
Mas terminou de uma vez,
Na triste sombra da cruz.
Nosso Mestre inolvidável,
Com expressão jovial,
Buscava afastar dos homens
O que lhes fizesse mal.
Por terras desconhecidas,
Por longo tempo, Jesus
Peregrinou. E, depois,
Fez a sua aparição
Em grande foco de luz.
As ardências do deserto
Queimaram do Mestre a pele,
Mas nunca lhe arrefeceram
O seu grande amor que excele.
Quando o seu primeiro impulso
Para esta escrita ocorrer,
Afrouxe e relaxe o pulso
Para que possa escrever
De modo bastante avulso
O que queremos dizer.
Sabemos que este treino
Só trará bom proveito,
Se houver de sua parte
Persistência e respeito.
— “Paciência!”, dirá o irmão,
Se tudo for dar em nada.
É que o trabalho de agora
É só aula preparada.
Moçoila a cantar alegre
Tem um gajo no pedaço,
Querendo fazer muxoxo
P’ra quedar em seu regaço.
Embora mão não tenhamos
Para estes versos fazer,
Vamos levando esta vida,
Até ter de suspender.
Que belos são estes versos
Que pretendemos dizer!
Entretanto, o nosso amigo
Não tem nada a que temer.
Parecia estar o dia
Bastante prejudicado,
Pois tudo o que se escrevia
Demonstrava pé quebrado.
Risos, cores, serpentina...
É muito alegre o folguedo.
É como se estes versinhos
Se mudassem em brinquedo.
O dia será gostoso,
Pois tudo o que se fizer
Vai ter o visto do “mestre”
Para o que der e vier.
Somos ainda “tapados”:
Não conseguimos juntar
O ritmo leve das trovas
Ao sério raciocinar.
Caso exista vitupério
Nesta nossa atividade,
Que se diga desde logo.;
Faça-nos essa bondade.
Rezando p’ro bem de todos,
Ficamos o dia inteiro.;
De repente, percebemos
Que este amor vinha primeiro.
Um dia de antigamente
Bem mais longo parecia.
Hoje a vida passa rápido:
Chega logo o fim do dia.
Quando vem surgindo a idéia,
P’ra nossa satisfação,
Vamos logo registrá-la,
No fundo do coração,
P’ra depois analisá-la,
Com as luzes da razão.
Se for honesta e sadia,
Deixemo-la como está.;
Mas se for perversa e fria,
Expulsemo-la de lá.
São graves os pensamentos
Que podem estar contidos
Em quatro simples versinhos,
Já que ficam resumidos.
Recusando-se a dizer
Quem seria vencedor,
O amigo destoutro plano
Demonstrou ter muito amor
Por todos os litigantes
Que mostravam, ofegantes,
Que não temiam sofrer
As dores, que ele sabia
Sinal de supremacia.
Se lhe parece preciso
Deixar o posto da escrita,
Vá em paz, o caro amigo,
Pois que tem a alma aflita,
P’ra retornar em seguida
Para nos dar mais guarida.
Por ora basta, querido!
É bom você dar ouvido
A quem lhe veio falar.
Se for palavra de amigo,
Se puder contar comigo,
Você irá confirmar.
É pobre a rima que faço,
Muito mais rija que aço,
Tão inflexível e fria.
Mas, que fazer, caro amigo,
Se carrego aqui comigo
Esta alma “porcaria”?!...
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