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Cartas-->Carta aberta para o colega Roberto Cursino de Moura -- 16/12/2002 - 12:11 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Caro Roberto

Li sua carta em defesa do Fernando Henrique. Respeito muito a sua opinião. Mas não posso concordar com você. Admiro o FHC como pessoa. Honesta e culta. Assim como sua esposa, dona Ruth. Mas como presidente, desculpe-me, foi lamentável. Oito anos de mandato é muito tempo para comemorar, tão-somente, o único ponto positivo de seu governo: o controle da inflação.

E assim mesmo, um ponto positivo de qualidade duvidosa. Pagamos muito caro por esse pontinho obscuro, no tempo e no espaço. Fernando Henrique teve, no início de seu governo, a maioria congressual que Lula não tem. Entretanto, não fez o dever de casa, como devia. Não se empenhou na aprovação das reformas básicas que poderiam , hoje, deixar o Brasil numa situação bem mais confortável.

A reforma política, a reforma previdenciária, a reforma tributária, a reforma do Judiciário, enfim, todas elas poderiam ter sido, quando menos, objeto de empenho pessoal, pelo caráter prioritário de que se revestem. Mas, infelizmente, preferiu o nosso Fernando gastar todo o seu primeiro mandato na busca do segundo.

Desse modo, o Brasil perdeu muito mais do que apenas quatro anos. Do ponto de vista estratégico, perdeu o bonde do futuro. O rumo de que tanto FHC nos falava. Além disso, e apesar da maioria congressual, FHC usou e abusou de medidas provisórias. Foi um verdadeiro campeão de autoritarismo. E medidas que nada tinham de provisórias ou permanentes.

Nosso presidente pisou muito na bola. Falou muito e não fez nada. No lugar de diminuir despesas, optou pelo aumento de receitas. Vale dizer, de impostos. Deveria ter cobrado a imensa divida dos sonegadores e devedores da previdência, da Fazenda e do FGTS. Mas não. Preferiu economizar, contrariando a Constituição, não concedendo reajustes lineares e anuais para os servidores públicos. Não corrigindo a tabela do imposto de renda, como devia. Preferiu aumentar impostos. Privatizou, de forma confusa, sem planejamento, nossas melhores estatais. Vendeu tudo, a preço de banana.

E não parou só nisso. Seguindo a linha de aumentar a receita, apostou na política econômica de endividamento público. Nossa dívida pulou de 100 para 900 bilhões de reais. (muito mais do que os milésimos de centavos que você, acertadamente, observo em meu texto. Claro que foi erro de digitação, obrigado).

O resto é cansativo. Nunca o país teve um grau de desemprego tão alto. Nunca a saúde e o ensino foram tão prejudicados. Falta de remédios. Políticas de saúde pública mal encaminhadas. Descontrole de doenças antes controladas. Ensino público de péssima qualidade. Em sete anos, 35 milhões de crianças nordestinas ficaram cegas ou morreram por falta da cápsulas de vitamina A, que o programa do governo deixou de fornecer. A falta de investimentos gerou o apagão. O crime nunca foi tão organizado. Seqüestros e violência aumentaram em todo o pais. Corrupção fez cadeira cativa nos noticiários dos jornais. Não se viu empenho do presidente para implantar e incentivar as Comissões Parlamentares de Inquérito. Ao invés de apurar e punir os culpados, preferiu, como sempre, a omissão. O lado mais fácil. Extinguir os órgãos como a SUDENE, SUDAM, DNER e tantos outros. Nunca as nossas forças armadas foram tão desprestigiadas. Não havia nem comida nos quartéis. Os soldados foram liberados mais cedo. FHC tentou apagar a memória de Vargas, numa inusitada perseguição à CLT, quando tinha outros assuntos bem mais importantes para tratar.

Mas os juros da dívida, neste oito anos, foram pagos, rigorosamente, em dia. E nossos títulos foram resgatados em dólar superfaturado. Às custas de ume especulação financeira descarada e desmedida. Casando prejuízos enormes ao país. Os bancos ganharam rios de dinheiro. E até agora não se sabe onde foi parar tanto dinheiro economizado, emprestado e com a venda das estatais e empresas de telecomunicações.

Ao contrário do previsto, com as privatizações, tivemos o aumento do preço dos serviços e a queda da qualidade de sua prestação. Afora os “esqueletos” deixados para o Lula. Dívidas que foram sendo empurradas com a barriga. E vou parar por aqui para não ficar fastidioso.
Desculpe-me a franqueza. Mas o seu estadista é muito bom de discurso. E de pagar juros da dívida. E de aumentá-la. Nada mais. Abraços. Domingos.

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