VELHOS OLHOS CASTANHOS
lílian maial
Aqueles mesmos olhos
que marejados de névoa,
por trás de um fogo fátuo
deixaram os meus tão tristes,
são hoje os que mendigam
na face das moças virgens
o brilho que não existe.
Aqueles mesmos olhos
que me fincaram estacas,
no peito vararam íris,
pupilas de grandes chagas,
são hoje olhos mais vagos,
repletos de atrocidades,
que me imploram piedade.
Aqueles olhos castanhos
que a mim fizeram detenta,
e por tantas magras noites
choraram lágrimas bentas,
são hoje os olhos que eu sei,
esses que nunca esqueci,
que nos meus viraram lenda.
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