Ajeitou o cabelo no reflexo do vidro de um carro parado em frente ao instituto.
O reflexo agradou, sua auto-estima cresceu e hoje ele sentiu que seria capaz de tudo.
Nada conseguiria abalá-lo, entrou cheio de si, peito estufado, nariz empinado, encarando tudo e à todos com seu olhar confiante.
O clima arejado e os amigos em volta deixavam-no mais à vontade ainda, o campus era o seu reinado.
No entanto, todo reinado tem seu fim e o dele não fugiu a essa regra; ruiu por causa de um simples vulto visto por ele.
Naquele momento, ele já não era mais o rei, já não se sentia dono de tudo; naquele momento, ele se sentia súdito, subjulgado à imagem mais bela que já vira em toda sua vida...a imagem de sua amada.
Ao vê-la caminhar em sua direção, sentia tudo, o coração disparar, o estômago embrulhar, menos a confiança de antes. Sentia que sua alma já tinha dona.
O toque dos dedos em sua face o fez abstrair da realidade e, ali, só a visão de seus olhos inundava o mundo inteiro.
O seu cheiro chegou mais perto e, logo depois, o tempo parou; o céu e o inferno tornaram-se um só lugar...ela havia lhe sapecado um beijo.
Para ele, parar em seus 19 anos naquele beijo seria tudo, seria a retomada de sua alma; sentiria o gostinho de ser dono de novo, dono de sua dona naquele breve momento de suas vidas.
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