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Contos-->A cela -- 05/03/2003 - 09:54 (Clodoaldo Turcato) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Acompanho de longe a vida. Evito me aproximar. É comum me isolar por tempo indefinido a título de reflexão. Porém, somente nós sabemos, meu amor, os verdadeiros motivos.
Quando o amor bate à porta retrocedemos nossa idade; apaixonar-se nos faz rejuvenescer. Um amor correspondido transforma qualquer homem. Falo dos homens, pois o sou. Bem sei que a alma da mulher difere, é mais entrega, mais leal. Mas um homem apaixonado fica tolo.
Assim estava eu, a muito pouco tempo: faceiro, entregue à minha paixão que dava-me vida própria. Respirava o ar enamorado dos adolescentes; o mundo era belo, cheio de flores, tudo fazendo sentido. Oh! Como eu fui feliz.
Aqui quieto, me retornam todos os momentos que tive contigo: a conquista, o primeiro beijo, a primeira transa... tudo. Seu jeito especial, minhas bobagens versadas – adoravas - ; os planos, os filhos que viriam. Oh! Como eu fui feliz, Jesus.
Levei bastante tempo para reunir condições para o matrimônio. Tudo do jeito que sonháramos: casa, móveis, festa, convidados ao montes, limusina e lua-de-mel. Teve outras cosas intimas, que prefiro não elencar, mas tu sabes quais são... Tudo tão certinho!
Mas vejam que infeliz idéia a minha naquela tarde. Faltavam dois dias para nos casarmos. Infeliz, pois te juro, preferia não tê-la tido. Comprei um belo ramalhete de flores: rosas, caras coisa de cem reais. Sabia que estarias sozinha em casa, momento oportuno para roubar seus carinhos. Preparei-me adequadamente : banho, perfume e roupa limpa – um galã. Passos de pluma me levaram até seu quarto, onde, ao cruzarem a porta, meus olhos incrédulos viram sua despedida de um antigo amor. Algo como um último adeus.
Segundos de indecisão e descrença. O mundo desabou sobre mim. Forcei os olhos cheio de esperanças que foram vítimas de uma ilusão; mas seu gemido, meu intimo conhecido, não deixou dúvidas. Tudo escureceu...
Em meu julgamento disseram que os matei a golpes de machado. Uma foto, em jornal sensacionalista, expunha muito sangue; muita crueldade. O promotor disse estar horrorizado com minha frieza - “ amarrou as vítimas e os golpeou, à machado, sem piedade”. Eu não lembro de nada.
Hoje completam-se dez anos que estou recluso. Parece que foi ontem que te conheci, que te amei, que te matei e nunca te esqueci...

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