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Contos-->O batismo, a cegonha e o Papai Noel -- 03/03/2003 - 10:29 (walter dos santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quarta feira de novo o ritual de sempre para começar o dia! Mas aquele dia seria muito diferente! Estava ansioso para chegar na terapia e contar como foi minha semana, eu teria alguem para me escutar, poderia falar um pouco mais das coisas que estavam me preocupando, sentia que este professional era de alguma maneira quem iria tirar algumas duvidas que eu tinha dentro de minha cabeça.
Trabalhei todo aquele dia sem parar um só minuto de pensar nele e sobre que tipo de assunto iria discutir naquele dia. Finalmente chegou a hora do encontro marcado.
Toquei a campainha e sua secretária veio me receber com um enorme sorriso!
Me sentei na sala de espera e alí começei a pensar no que falaria e como seria aquela sessão.
Os minutos passaram e tinha a impressão de que já havia passado muito tempo, parece que sai do tempo e comecei a pensar em minha mãe, meus irmãos e como queria ter uma vida melhor, viver mais decente!
-Walter! Me chamou o Roberto, eu estava muito longe naquele momento e não o escutei!
- Walter! Derepente vi Roberto em frente a mim me chamando. Me comprimentou com muita alegria e em seguida me levou para sua sala.
Subimos as escadas, sentia que iria perder a respiração, olhava cada detalhe daquele consultório e me sentia em paz!
Me sentei de frente a ele e a primeira pergunta:
- Como foi sua semana? As palavras não saiam de minha boca, estava sem palavras!
Após um longo silêncio comecei a falar um pouco de minha semana e depois outro silêncio.
Minha mãezinha querida de novo me veio a mente e queria falar um pouco daquela mulher que sempre fez de tudo para nos dar o melhor que podia e apesar de nunca haver mencionado ela nos amava
muito!
Era do interior e veio para São paulo em busca de algo melhor, deixou para trás duas filhas pequenas motivo de discussão em família por muitos anos, vim a conhecê las quando já tinha 12 anos, uma tia me levou lá para que pudesse conhecer toda a família, foi um momento divino aquele! Finalmente iria conhecer minhas irmãs que moravam com meus tios.
Me lembro até hoje que era natal e ao chegar naquela casa todos nos esperavam, naquele momento me sentia muito importante! Iria conhecer minhas irmãs, meus primos e meus tios, ah! que maravilha que foi aquele momento! Tantos anos se passaram e ainda me lembro daquele dia. Minha irmã mais velha Liliana era linda! Me lembro até hoje que música tocava naquele dia e até mesmo posso vê-la
dançando muito alegre, acho que aquele momento ficou gravado na minha mente de tal maneira que jamais poderei esquecer! Aparecida a mais nova era também de uma beleza incrível, se parecia muito com minha mãe e era de um caráter diferente de Liliana. Todos queriam abraçar e beijar a mim e minha irmã, meus tios estavam muito orgulhosos com nossa presença!
Quem nos levou até la foi uma irmã de minha mãe aquela que era mais próxima a ela.
Mamãe me concebeu no dia 20 de novembro de 1961 dia de Zumbi, este guerreiro negro que salvou muitos escravos das mãos do senhor de engenho criando o Quilombo dos Palmares. Fui batizado em um momento muito especial pois estava bastante doente e o doutor disse que deveria me batizar rapidamente e asim foi feito, minha madrinha, foi escolhida entre os familiares de uma das patroas de mamãe. Dizem que após o batismo, meus olhos tomaram brilho, comecei a rir e até minha pele passou a ter uma tonalidade diferente, era a vida renascendo em mim através do batismo!
A vida não era facil! Mamãe fazia toda espécie de trabalho para poder manter toda a família, estamos falando dos anos 60 Quando o Brazil passava por transformações muito grandes com a criação da nova capital Brasileira e da Industrialização que chegava no país através do Presidente JK.
Me lembro de cada palavra de minha mãe, era uma mulher negra belíssima que adorava se vestir bem apesar do pouco dinheiro que entrava em casa.
Naquele tempo meu padrasto costumava passar em casa duas três vezes por semana, vinha quando tinha necessidade de satisfazer-se com ela, vinha quando queria! E de esta relação nasceram 3 filhos dois meninos e uma menina.
Me lembro muito bem quando cada um deles nasceram, eram dias felizes para mim pois eu era um menino de 7 anos e saber que teria mais criança em casa para brincar me satisfazia!A primeira que nasceu veio do hospital e parecia uma bonequinha e era como se fosse um presente dos céus apesar das dificuldades financeiras que passavamos. Um ano depois outra vez mamãe se preparava para ter outro bebê.De repente comecei a escutar mamãe gritando como louca pedia para chamar a vizinha, que veio imediatamente pois já sabia do que se tratavaa, era uma agitação muito grande em casa, a todo o momento pediam sal e água quente, mamãe gritava muitissimo e eu não entendia porque!
Derepente um choro, e nossa vizinha a parteira, sai do quarto feliz e anúncia: - É menino! Eu na minha inocência não entendia nada! Finalmente pudemos entrar no quarto para ver mamãe e ví que em seus braços havia mais um bebezinho e desta vez era um menino, que lindo que era! Todos me falaram que foi a cegonha que o trouxe e eu acreditei!
Acreditava em cegonha mas não acreditava em Papai Noel!Nunca tivemos Papai Noel, sempre tive que ser muito realista e a figura de este velhinho de barba branca não existia, mamãe não tinha tempo para nos enganar viviamos uma realidade nua e crua! - Papai Noel não existe! - Eu sou o Papai Noel!
Mas cegonha existia! Esta rondava a casa dia e noite!
Passados alguns meses mamãe de novo começa a engordar, vejo que as conversas entre ela e suas vizinhas mais intimas de novo girava em torno da cegonha. E derepente outro menino, o batizaram com o nome de José, era um menino forte e bonito, minha irmã mais velha era quem cuidava dele quando mamãe não estava em casa, um dia fui com mamãe fazer compras e quando voltamos havia em casa muito barulho, muita gente na porta e quando entramos José estava morto! Sim morto! Morreu com um mês de nascido sem que soubessemos porque, minha irmã derepente o viu roxo, chamou a vizinha que quando veio já não podia fazer mais nada, o bebezinho já não existia mais! Foi um dia muito triste para minha mãe! Para fazer o enterro tivemos que coletar dinheiro entre os vizinhos e me lembro que fomos todos nestes carros grandes de fazer mudança, as flores eram muito poucas, e foram aquelas que pudemos encontrar no meio da mata silvestre. - Eram flores silvestres!
Derepente Roberto me interrompe e faz comigo algumas análises de tudo que acabei de contar e infelizmente era momento de terminar a sessão, eu não entendia muito bem porque teria que terminar pois eu ainda não havia terminado de falar sobre mim, ainda havia muito para falar, este era apenas o começo!
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