"Papai Noel existe! Papai Noel existe!". No fundo, João Paulo acreditava no velhinho. Mas como todos os amigos diziam que ele não existia, resolveu aderir aos rebeldes. Na noite de seu primeiro Natal com a gente, quando viu a caixa enorme com o presente solicitado, comemorou sem nenhuma vergonha de ser feliz.
Antes de entrar em minha vida, o João morava em uma instituição para crianças abandonadas. Ele e as duas irmãs, Jéssica e Mónica (que também me adotaram como pai). Pois bem, os três não faziam muita fé nesse tal de velhinho de barbas. Um sujeito inconstante em suas vidas de crianças.
Naquele Natal em que pulou feito doido, o João Paulo explicou. Sabe, pai, esse Papai Noel é um cara estranho. Antes de ir para o Projeto (a instituição onde passou a morar depois dos 4 anos de idade), eu não ganhava nada. Depois, no Projeto, eu pedia uma coisa e ele trazia outra. Só quando eu vim morar com você e com a mãe que ele descobriu o que eu queria. Será que é porque vocês escrevem melhores bilhetes?
Muita gente tem um quilo de teorias contrárias ao mito do Papai Noel. Gente séria e preocupada com o futuro das crianças. Me desculpe quem não concorda, mas eu acho maravilhosa essa fantasia para a criançada. Porque o mundo tem muita maldade e não custa nada alimentar um sonho. É gostoso acreditar na existência de um sujeito preocupado em presentear a Humanidade.
Ele é meio maluco, eu concordo. Onde já se viu voar em trenó?! Veículo que, aliás, eu nunca vi de perto. Como também nunca vi a neve que a gente imita com algodão quando enfeita as árvores de Natal. Mas isso não importa. O que vale é que ele representa uma possibilidade de realização dos sonhos e mora aqui, guardadinho no meu coração.
Tenho certeza que é assim com meus filhos, também. Inclusive o Gabriel, que está com 21 anos. Hoje, eles sabem que Papai Noel não existe como pensavam. Tanto que escolhemos juntos os presentes de fim de ano em visitas sucessivas ao shopping (ó, turma inconstante!). Entretanto, ninguém duvida que sonhar ainda vale a pena. E que, de repente, o velhinho pode fazer algumas supresas.
Em uma noite de Natal, há seis anos, pedi mais filhos para o Papai Noel. Como ele é um grande gozador, trouxe três crianças de uma vez. Desde então, não leio mais nada que seja contra essa querida ilusão. Prefiro sonhar e continuar contente.