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Contos-->Breve Encontro -- 28/02/2003 - 17:37 (Lucimar Justino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sempre é bom encontrar alguma pessoa que fez parte de nossa história. Ou que caminhou ao menos alguns passos do nosso lado. É uma experiência maravilhosa. Saber das novidades, o que anda fazendo, onde e como está. Sentimos na alma a sensação de ter cumprido com uma obrigação. Ou muito mais: a felicidade de ter feito parte da vida de alguém.

Naquele dia em que eu vinha para São José dos Campos, encontrei algumas pessoas que conheci ao longo da jornada e com as quais convivi sob as sombras à beira do caminho. Confesso que foi muito bom nos revermos.

Como de costume, entrei no ônibus e me acomodei numa poltrona. Não passou muito tempo e uma linda jovem de cabelos pretos, compridos e lisos, olhos castanhos, rosto expressivo e um olhar de calma chegou, olhou-me, como que a pedir licença e talvez me analisar e, depois de minha breve expressão afirmativa, sentou-se do meu lado.

Claro que desejei comunicar-lhe a minha admiração e conhecê-la, mas esperei – não sei por quê – que tomasse uma atitude. Não sei se meus olhos lhe disseram alguma coisa. Por vezes meus pensamentos viajaram, mas ela deteve-me, e eu fiquei a pensar em si.

Uma de suas pernas encostou-se a minha. Senti que uma energia muito forte escapava-me e, à medida que saía voltava-me. Tive o pressentimento de estar sendo-lhe útil, de estar confortando-lhe com uma energia positiva, capaz de amenizar as dores do seu coração.

Quando pegamos a estrada percebi que era cristã. Passando por Aparecida provei-lhe o mesmo. Fiquei preocupado, precisava saber mais dela. Talvez pudesse ajudá-la. Mas ela dormia. Enquanto isso, fiquei a brigar com os meus pensamentos, almejando que a estrada não tivesse fim, para que eu pudesse confortar-lhe durante muito tempo.

Seu sono era tão profundo. Parece que sonhava. Seu rosto doce e luminoso de mulher implorou-me uma lágrima e eu rezei-lhe. Pedi que muitas estrelas iluminassem o seu céu.

A estrada estava acabando. O ônibus estava faminto – quem sabe as pessoas também. Alguém lhe ligou, preocupada, querendo saber onde estava. “Estou bem, mãe, não se preocupe, já estou chegando. Está tudo bem... Deu tudo certo... Amém! Tchau!”

O ônibus, famélico, devorou toda a estrada e, eu, no último instante de nosso breve encontro, disse-lhe, quase num sussurrar: “Querida, querida... – e ela acordou – por favor, dê-me licença... desculpe-me acordar você, tá?... Após um lindo sorriso ela me disse: “Quê isso? Não tem problema, imagine!” Foi a última e uma das poucas palavras que ouvi seu lábios pronunciarem.



* Conto publicado na "Antologia de Contos 2002 - UNIVAP"
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