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Discursos-->DISCURSO DE POSSE NA ACADEMIA TOCANTINENSE DE LETRAS -- 16/03/2002 - 22:34 (Mário Ribeiro Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DISCURSO DE POSSE NA
ACADEMIA TOCANTINENSE DE LETRAS.
(REPRODUÇÃO PERMITIDA, DESDE QUE CITADOS ESTE AUTOR E O TÍTULO).

Mário Ribeiro Martins*.


Mais uma vez, simbolicamente, neste 05.04.2002, se abrem as venerandas portas desta CASA, entre cujas paredes, fraternalmente, se acolhe a ACADEMIA TOCANTINENSE DE LETRAS, para a recepção deste que vos fala, o mais humilde dos servos acadêmicos.

Neste simbólico recinto de estudo, meditação e trabalho silencioso e profícuo, reunem-se os cultores das belas letras tocantinenses, em família, para festejar o ingresso deste novo companheiro que vem compartilhar a efêmera, mas confortadora glória da imortalidade literária.


Aliás, quando perguntaram a Olavo Bilac, porque os acadêmicos são chamados de “imortais”, em resposta ele disse: “PORQUE ELES NÃO TÊM, ONDE CAIR MORTOS”. Certamente, foi uma forma que o vate carioca teve de brincar com os “imortais”.

Podeis muito bem avaliar o quanto me está sendo grato e honroso, ser recebido nesta CASA, pelo ilustre homem de letras, maranhense de Alto Parnaíba, JOSÉ CARDEAL DOS SANTOS, Orador Oficial da Academia Tocantinense de Letras, a quem agradeço a generosidade das palavras.

Agradeço, igualmente, ao Senhor Presidente deste Silogeu de Imortais, Dr. Juarez Moreira Filho e demais acadêmicos pela escolha do meu nome para ocupar a Cadeira 37, cujo Patrono, JOSÉ MARIA AUDRIN, por certo, há de vibrar em meu pensamento nesta noite festiva, policroma e maravilhosa, que passa a fazer parte das minhas recordações mais gratas.

Mas aqui estou. Não para falar sobre mim mesmo, porém para tecer considerações sobre o meu patrono, isto é, da Cadeira 37, que hoje ocupo, JOSÉ MARIA AUDRIN, talvez um dos nomes menos conhecidos na literatura tocantinense.


Ao desvendar os mistérios da vida e da obra de José Maria Audrin, peço permissão para me fazer acompanhar neste mister, de dois ilustres acadêmicos da Academia Brasileira de Letras, AFONSO ARINOS DE MELO FRANCO E ALCEU DE AMOROSO LIMA, prefaciadores dos livros escritos por José Maria Audrin e a quem as letras tocantinenses e, por que não dizer, nacionais devem o mais significativo estudo sobre José Maria Audrin, autor dos livros “OS SERTANEJOS QUE EU CONHECI” e “ENTRE SERTANEJOS E INDIOS DO NORTE”.

JOSÉ MARIA AUDRIN tornou-se TOCANTINENSE(vinculado ao Rio Tocantins) por adoção. Fez do antigo Norte de Goiás, hoje Tocantins, como também fiz eu, a terra do seu coração, dos seus sonhos e de sua própria vida.

Nascido em Bédarieux, Sul da França, em 25.08.1879, deslocou-se, aos 17 anos de idade, para Toulouse, ainda na França. Lá, em 1896, entrou para a Ordem Dominicana.

Após os primeiros estudos e os primeiros passos na vida religiosa, foi ordenado SACERDOTE com 23 anos de idade, em 1902. No ano seguinte, 1903, quando tinha 24 anos, VEIO PARA O BRASIL, acompanhando o recém-nomeado Bispo de Conceição do Araguaia, no Pará, o francês de Palmiers, Sul da França, DOM DOMINGOS CARREROT, nascido em 1863. Portanto, Dom Domingos estava com 40 anos e Audrin, com24anos.

Após 18 dias de viagem no navio NÍGER, desembarcou no Rio de Janeiro. Até Franca, em São Paulo, viajou de trem de ferro, seguindo para Uberaba, em Minas Gerais, em lombo de burro. Permaneceu com os Dominicanos, em Uberaba, durante algum tempo, com a finalidade de aprender noções básicas da lingua portuguesa.

Em 1904, seguiu para Goiás Velho, via Araguari. Da antiga Capital de Goiás, rumou para Conceição do Araguaia, no Pará, de barco, através do Rio Araguaia.

Mal havia chegado em Conceição do Araguaia, teve notícia da morte do FREI GIL VILLANOVA, em 04 de março de 1905, dentro de um barco rústico, na confluência do Rio Araguaia com o Rio Tocantins, vítima da febre amarela, com 54 anos de idade.


Trabalhou JOSÉ MARIA AUDRIN em Conceição do Araguaia, posto extremo da Missão Dominicana, até 1921, ao lado de Dom Domingos Carrerot, até que este fosse transferido para o PRIMEIRO BISPADO de Porto Nacional, nomeado por Decreto Papal do PAPA BENTO XV(15), onde tomou posse em 09.07.1921.

Aliás, Dom Domingos só conseguiu chegar em Porto Nacional, no dia da posse, transportado numa rede, em virtude da febre que lhe atacara. Saiu das margens do Rio Araguaia, em Couto Magalhães, montado a cavalo. Mas, ao chegar em Piabanha (Tocantínia), não suportou e teve de ser conduzido em rede por dezenas de pessoas, inclusive pelo próprio FREI JOSÉ MARIA AUDRIN que já aguardava a sua chegada e que também celebrou a missa de posse do novo Bispo.


Ainda em Conceição do Araguaia, no Pará, José Maria Audrin fundou, entre outras coisas, uma Biblioteca Popular. Alguns anos depois, transferiu-se para Porto Nacional, onde ficou aguardando a chegada de seu amigo, o novo Bispo Dom Domingos, tornando-se Diretor do Convento Dominicano de Porto Nacional, de 1921 até 1928.


Frei Dominicano na Diocese de Porto Nacional, JOSÉ MARIA AUDRIN foi também professor do Colégio Sagrado Coração de Jesus, fundado em 1904 e do Seminário Católico Menor São José, fundado em 1922, por ele mesmo.

Superior do Convento de Porto Nacional, durante vários anos. Criou a Banda de Música LIRA SANTA TEREZA e o Clube Lítero-Artístico UNIÃO DE MOÇOS CATÓLICOS. Reorganizou a Confraria do Rosário e a Ordem Terceira dos Dominicanos.

Reitor do Seminário Menor São José, em 1922. Em 12 de outubro de 1925, no Convento Dominicano de Porto Nacional, hospedou por sete dias, os Comandantes da “Coluna Prestes”, entre os quais, Paulo Kruger, João Alberto, Miguel Costa, Carlos Prestes, Siqueira Campos, Cordeiro de Faria, Djalma Dutra e Juarez Távora.


Sobre este encontro, escreveu ele uma das mais belas páginas da história tocantinense, em seu livro “ENTRE SERTANEJOS E INDIOS DO NORTE”, onde disse: “Pelas onze horas do dia 12 de outubro, entrou na cidade de Porto Nacional, uma forte vanguarda chefiada pelo Capitão Paulo Kruger”.

“Pelas duas da tarde, chegou o primeiro batalhão, sob o comando do Tenente Coronel João Alberto Lins que aceitou hospedar-se no Convento, depois de concluída a instalação dos seus mais de 400 soldados”.

“Nos dias 13, 14 e 15 desfilaram pela cidade episcopal de Porto Nacional, os três outros batalhões, chefiados, respectivamente, pelos Tenentes Coroneis Cordeiro de Faria, Siqueira Campos e Djalma Dutra”.

“Os revolucionários perfaziam um total de 1.700 homens que foram distribuídos na cidade. Permaneceu entre nós no Convento, a Guarda do Estado Maior constituída pelo General Miguel Costa, o Coronel Luiz Carlos Prestes e o Tenente Coronel Juarez Távora”.

“Uma rigorosa disciplina reinava na cidade. À noite, a igreja via numerosos soldados unidos às nossas orações. No domingo, os gaúchos pediram licença para cantarem os “benditos” de sua terra distante e toda a oficialidade assistiu incorporada à Santa Missa. Houve batizados de algumas criancinhas de mulheres que acompanhavam a Coluna”.

Finalmente, para não me alongar, já que o texto é maravilhoso, escreveu José Maria Audrin: “Feitas estas declarações exigidas pela verdade histórica, é-nos sumamente grato recordar e publicar que, de todos os componentes do exército revolucionário da Coluna, foi o então Coronel Luiz Carlos Prestes, o mais atencioso e delicado para com nossos sertanejos”.


Faço agora um parêntese para dizer: Diante destes fatos narrados por José Maria Audrin, coube razão ao Governador Siqueira Campos, a sabedoria da implantação do MEMORIAL COLUNA PRESTES dentro da Praça dos Girassóis, numa homenagem justa àqueles que, na praça central de Porto Nacional, pregaram não somente a mudança da Capital do Rio de Janeiro para Brasília, mas também a independência do antigo Norte de Goiás, hoje Tocantins.

Em 1929, com 50 anos de idade, José Maria Audrin retornou a Conceição do Araguaia, no Pará, onde ainda permaneceu por cerca de 10 anos. Nesse período, tornou-se membro do Instituto Histórico e Geográfico do Pará.

Com mais de 60 anos de idade, em 1940, deslocou-se para os Conventos de Uberaba, São Paulo e Rio de Janeiro.


Estava no Convento de Uberaba, quando publicou em 1947, a biografia de Dom Domingos Carrerot, com o título “ENTRE SERTANEJOS E INDIOS DO NORTE”, tornando-se também membro correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, sob a Presidência de Colemar Natal e Silva.


Nos anos seguintes, foi para São Paulo e Rio de Janeiro.

Seu primeiro livro “ENTRE SERTANEJOS E INDIOS DO NORTE” foi publicado pela Editora AGIR, do Rio de Janeiro, com observações de Afonso Arinos de Melo Franco e o segundo, “OS SERTANEJOS QUE EU CONHECI”, pela Editora JOSÉ OLYMPIO, também do Rio, com prefácio de Alceu de Amoroso Lima.

Suas obras serviram de fonte para vários autores brasileiros, entre os quais, para o livro CORONELISMO NO EXTREMO NORTE DE GOIÁS(O PADRE JOÃO E AS TRÊS REVOLUÇÕES DE BOA VISTA), de Luis Gomez Palacin.


Depois de ter trabalhado durante 48 anos no Brasil, retirou-se para um dos Conventos no Sul da França, em 1952, onde permaneceu até a sua morte, com quase 100 anos de idade, em 1979, em cujo quarto hasteava a bandeira brasileira e falava diariamente a lingua portuguesa.

Nobres acadêmicos e meus senhores e senhoras, não quero eu me alongar muito, posto que já o fiz.

Desejo, porém, que as minhas observações aqui feitas sobre o Patrono da minha Cadeira ou melhor dizendo, da Cadeira 37, sejam apenas a introdução a uma leitura que vos recomendo: “ENTRE SERTANEJOS E INDIOS DO NORTE”(1947) e “OS SERTANEJOS QUE EU CONHECI”(1963), de José Maria Audrin, ambos, com quase mil páginas.

Portanto, meus amigos, eis-me aqui nesta Casa. Eis-me aqui, como o iluminado da distante cidade de Ipupiara, antigo Fundão de Brotas e depois Jordão de Brotas, na Bahia, região da Chapada Diamantina, onde teria nascido HORÁCIO DE MATOS e MILITÃO RODRIGUES COELHO, dois inimigos eternos.

É preciso relembrar, no entanto, alguns aspectos geográficos desta velha cidade baiana. IPUPIARA, como hoje é denominada, está situada na CHAPADA DIAMANTINA MERIDIONAL que tem, atualmente, trinta e um municípios, destacando-se ABAÍRA, ÁGUA QUENTE, ANDARAÍ, BARRA DA ESTIVA, BONINAL, BOQUIRA, BOTUPORÃ, BROTAS DE MACAÚBAS, CONTENDAS DO SINCORÁ, IBICOARA, IBIPITANGA, IBITIARA, IPUPIARA, IRAMAIA, IRAQUARA, IATETÊ, ITUAÇU, JUSSIAPE, LENÇÓIS, MACAÚBAS, MUCUJÊ, OLIVEIRA DOS BREJINHOS, PALMEIRAS, PARAMIRIM, PIATÃ, RIO DE CONTAS, RIO DO PIRES, SEABRA, TANHAÇU, UTINGA E WAGNER.


Mas nos tempos idos, ou mais precisamente no ano de 1917, já pertenceu à CHAPADA DIAMANTINA SETENTRIONAL que tem hoje treze municípios, destacando-se BARRA DO MENDES, CAFARNAUM, CANARANA, CENTRAL, GENTIO DO OURO, IBIPEBA, IBITITÁ, IRECÊ, JUSSARA, MORRO DO CHAPÉU, PRESIDENTE DUTRA, SOUTO SOARES E UIBAÍ.

Antes de sua independência política em 09.08.1958, pelo Governador Antonio Balbino, Ipupiara teve vários nomes: Em 1842, foi chamada de Campos Belos. Em 1865, era Fundão de Brotas. Em 1906, era conhecida como Fortaleza de São João. Em 1911, passou a Jordão de Brotas. Em 1935, foi denominada Vanique.

A partir de 1936, tornou-se definitivamente IPUPIARA, mas nunca chegou a SEDE DE COMARCA, tanto que, ainda hoje(2004), permanece como DISTRITO JUDICIÁRIO DE BROTAS, não havendo na cidade, nem Juiz e nem Promotor de Justiça, utilizando até o AEROPORTO de BROTAS, que fica a mais de trinta(30) quilômetros de distância, o que é uma situação humilhante para Ipupiara.

Mas Ipupiara, nem sempre pertenceu a Brotas de Macaúbas, eis que foi Distrito de Barra do Mendes em 1917, quando, a pedido de Militão, que tinha sido Prefeito(Intendente) de Brotas de 1914 a 1916, o Governador da Bahia, Antonio Muniz Aragão, tornou Barra do Mendes, municipio independente, pela Lei1.203, de 21.07.1917.


Esta independência, no entanto, não durou muito tempo, porque Barra do Mendes(e Ipupiara, como seu Distrito) foi reanexada a Brotas, pela Lei 1.388, de 24.05.1920, a pedido de Horácio de Matos.

Vale lembrar que, embora Brotas tenha se tornado independente de Macaúbas, de que era então Distrito, em 1878, permaneceu, no entanto, com o nome de BROTAS DE MACAÚBAS.

Essa Brotas já foi TERMO JUDICIÁRIO da cidade da Barra(margens do São Francisco), em 1882, de Macaúbas(1904), de Xique-Xique(1915) e Paratinga(1948), quando alcançou a sua própria independência, no sentido de Termo Judiciário.

Mas Ipupiara, pelo menos até agora(2004), jamais se livrou de Brotas de Macaúbas. Explica-se: NUNCA SE TORNOU SEDE DA COMARCA. Ou seja, continua como Termo Judiciário de Brotas, NÃO TENDO PRÉDIO DE FORUM, NEM JUIZ DE DIREITO e NEM PROMOTOR DE JUSTIÇA.

Tal é a dependência, que até o AEROPORTO usado hoje(2004), é o de Brotas de Macaúbas, a 30 quilômetros de distância.

Pois bem, é neste contexto de cidade interiorana, que fatos históricos relevantes iriam ocorrer na antiga JORDÃO DE BROTAS.

Os descendentes dos MATOS, através do Alferes JOSÉ PEREIRA DE MATOS, vieram do Tijuco, em Minas Gerais, mas eram Portugueses de origem. Este ALFERES PORTUGUÊS veio para SANTO INÁCIO, na Bahia, por volta de 1842, dedicando-se a garimpar diamantes.

Desta vila baiana, espalharam-se os seus filhos, dentre os quais, Clementino Pereira de Matos(falecido em 1911) e Quintiliano Pereira de Matos, este, pai de Horácio de Matos, estabelecendo-se ambos na região de Brotas de Macaúbas.

HORÁCIO DE MATOS(Horácio Queiroz de Matos), portanto, nasceu em Brotas de Macaúbas(Fazenda Capim Duro-Chapada Velha), entre Brotas e Barra do Mendes, no dia 18 de março de 1882. Filho de Quintiliano Pereira de Matos e Hermínia Gomes de Queiroz.

Permaneceu solteiro até os 39 anos de idade, embora tivesse filhos de outro relacionamento, com uma velha companheira chamada Laura.

MILITÃO RODRIGUES COELHO nasceu no Jordão(Imbaúba), atual Ipupiara, no dia 20 de outubro de 1859, de onde saiu para Barra do Mendes, com 18 anos de idade, em 1877, deixando muitos familiares no povoado, todos vinculados às famílias Coelho e Sodré, entre os quais, o Capitão José Joaquim Sodré(Zeca Sodré), cunhado de Militão ou sobrinho, conforme alguns.


Filho de Manoel Rodrigues Coelho e Norberta Olimpia Sodré Coelho. Casou-se, primeiro, com Maria Barreto Coelho, com quem teve os filhos Ornelina, Sofia, Rosa, Adelina e Adelino. Pela segunda vez, com Maria da Glória Sodré Coelho, com quem teve os filhos Nestor, Anízio, Luiz, Alzira, Solina, Ana e Eurico.


Nasceram ambos(Horácio e Militão), em povoados diferentes, dentro do mesmo município de Brotas de Macaúbas, que era extraordinariamente grande e tinha 7.000 km2(sete mil quilômetros quadrados), indo de Morpará(margens do Rio São Francisco) até Barra do Mendes.

Militão era 23 anos mais velho do que Horácio. Quando se enfrentaram, a partir de 1916, Militão estava com 57 anos de idade e Horácio de Matos, na juventude de seus 34 anos apenas.

O Coronel Horácio de Matos estendeu os seus domínios de Brotas de Macaúbas até Lençóis. O Coronel Militão Rodrigues Coelho passou a dominar a região de Ipupiara até Barra do Mendes.

É neste fogo cruzado entre os dois líderes, ambos desejosos de dominar por completo a Chapada Diamantina, que Ipupiara(Fundão ou Jordão de Brotas) passa a sofrer as investidas constantes dos dois grupos rivais.

Assim é que se dizia: A Chapada Velha(Brotas de Macaúbas e Lençóis) é de HORÁCIO DE MATOS. A Chapada Nova(Barra do Mendes e Jordão) é de MILITÃO RODRIGUES COELHO.


Daí a razão histórica por que as duas populações não se toleravam e jamais se entenderam, não havendo até hoje(2004), uma estrada digna que ligue as duas cidades, embora a distância seja de apenas 80 km.

Entre uma e outra região, ou seja, entre Brotas de Macaúbas e Barra do Mendes, encontra-se IPUPIARA, o velho Fundão ou Jordão, a 30 km de Brotas e 60 km de Barra do Mendes.

Relembre-se que, em outubro de 1914, chegou em Brotas de Macaúbas, o Delegado Regional Dr. Otaviano Saback que, em nome do Governador da Bahia, Dr. Antonio Muniz Ferrão de Aragão, nomeou o Coronel Militão Coelho, como Chefe Político e Intendente(Prefeito Municipal) de Brotas de Macaúbas.

Os Brotenses queriam que o cargo antes ocupado pelo Coronel José João de Oliveira, que havia falecido, fosse ocupado pelo Major Joviniano dos Santos Rosa(Major Vena), Escrivão dos Feitos Cíveis e Criminais ou por João Arcanjo Ribeiro e não por um Coronel, filho do Jordão e procedente de Barra do Mendes.

Enquanto Militão foi a Salvador, seu substituto, Coronel Domingos Pereira mandou prender o Major Vena(1916), iniciando-se a contenda. De um lado, os seguidores do Coronel Militão e do outro, os partidários do Coronel Horácio.

Assim é que, no dia 04 de janeiro de 1916, após se tocaiar no PEGA, povoado existente entre Fundão e Brotas, o Coronel da Guarda Nacional Militão Rodrigues Coelho toma de assalto a cidade de Brotas de Macaúbas, retirando o Cartório dos Feitos Cíveis e Criminais, de seu escrivão efetivo Joviniano dos Santos Rosa que, no entanto, algum tempo depois, é gravemente ferido na CADEIA PÚBLICA DE BROTAS, para onde fora levado preso, após mandar uma Carta Aberta ao Governador do Estado, Dr. Antonio Muniz Ferrão de Aragão. Na verdade, embora alguns autores digam que o Major Vena(Joviniano dos Santos Rosa) morreu nesta ocasião, a informação não tem procedência. Ele viveu durante muitos anos, só que com a boca torta e falando com dificuldade, eis que babava muito.



Nesta ocasião, é morto a tiros e crucificado nas estacas de uma cerca de pau-a-pique, Onésimo Lima, filho do farmacéutico Canuto Lima, de Ipupiara(Fundão), com o qual Horácio de Matos fora criado e se considerava irmão.

Satisfeito com a tomada de Brotas de Macaúbas, Militão Rodrigues Coelho que teve o apoio do Governador da Bahia, Dr. Antonio Muniz Aragão e de alguns chefes políticos de Lençóis e de Estiva(hoje Afrânio Peixoto), retorna a Barra do Mendes, via Fundão(Ipupiara), mas é surpreendido pelos jagunços de Horácio de Matos que cercam a cidade, visto que conseguiram chegar primeiro, porque fizeram o caminho reto entre Brotas e Barra do Mendes.

Após onze grandes combates, por vários meses ininterruptos ou mais precisamente OITO MESES DE LUTA e a destruição dos famosos fortes, entre os quais, FORTE BRANCO, FORTE VERMELHO, FORTE QUEIMADAS e FORTE CATUABA, todos possuidores de comunicação subterrânea, com cerca de quatrocentos mortos, entre os quais, o filho do próprio Militão, o Luiz Rodrigues Coelho, morto em combate no dia 22.04.1919, quando tinha 20 anos de idade.

Militão Rodrigues Coelho sai de Barra do Mendes, em agosto de 1919, observado pelo seu jagunço de confiança Miguel Umbuzeiro. Seu filho Nestor Rodrigues Coelho(nascido em Barra do Mendes, 20.05.1892) foi preso pelos jagunços de Horácio de Matos e devolvido à mãe, com a observação de que não era culpado pelos atos do pai.

Nestor Coelho se tornaria posteriormente também líder político da região, eis que, em 1946, elegeu-se Deputado Estadual, além de ter sido Vereador e Prefeito Municipal de Brotas de Macaúbas, a partir de 1938.

Nesta época, meu pai, ADÃO FRANCISCO MARTINS(Que havia nascido em 21.05.1915, em Ipupiara, e estava com 23 anos de idade), foi seu SECRETÁRIO MUNICIPAL, conforme documentos escritos e publicados, na mão do autor destas notas, entre os quais, o “ORÇAMENTO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE BROTAS DE MACAÚBAS, PARA O EXERCÍCIO DE 1939”(DECRETO-LEI 63, de 5.7.1938), impresso na LIVRARIA CATILINA, de Romualdo Santos-Livreiro Editor-Rua Portugal, 20, Salvador, Bahia, onde se lê: Prefeito Municipal-Nestor Rodrigues Coelho. Secretário Municipal-Adão Francisco Martins.

Filho de Gasparino Francisco Martins e Jovina Ribeiro Martins, neto do Coronel Isidório Ribeiro dos Santos, meu pai, Adão Francisco Martins, enquanto trabalhava na roça, aprendeu a ler com os antigos professores, “JOÃO CAPOTE” e “JOÃO PAPAGAIO”. Mas, seu principal professor foi Arthur Ribeiro Sobrinho, pai do primeiro médico de Brasília, Dr. Isaque Ribeiro Barreto.

Em 1934, com 19 anos de idade, na cidade de Brotas de Macaúbas, foi nomeado Tabelião de Notas e Agente de Estatística.

Casou-se em Brumado, hoje Ibitunane, em 29.10.1937, com Francolina Ribeiro Martins, tornando-se comerciante de Diamantes, em sociedade com Adelino Alves de Almeida.

Em 1946, foi nomeado Prefeito de Brotas de Macaúbas, logo após a gestão do Prefeito Nestor Rodrigues Coelho, que se estendeu de 1934 a 1945, momento em que o Capitão Nestor Coelho permaneceu como Presidente do Diretório Municipal de Brotas e se elegeu Deputado Estadual, a partir de 1946.

Nestor Coelho faleceu em Salvador, Bahia, em 26.12.1953, na condição de Deputado Estadual, tendo sido sepultado no Mausoléu da família, em Barra do Mendes.

Nomeado Adão Francisco Martins, Prefeito de Brotas de Macaúbas, em 1946, pelo Interventor Federal na Bahia(1946-1947), General Cândido Caldas, permaneceu no cargo de Prefeito, até abril de 1947, quando, terminada a “interventoria” na Bahia, o Governo Estadual foi passado para o Governador eleito pelo povo, Otávio Mangabeira e realizadas as eleições municipais. Aliás, sua posse como Prefeito de Brotas foi dramática. Foi seu amigo pessoal e também seu parente João da Cruz Cunha que reuniu cerca de 60 cavaleiros para garantir a posse do meu pai Adão Francisco Martins, como Prefeito de Brotas de Macaúbas, na presença do Juiz de Direito da Comarca, Dr. Sebastião, genro do Coronel João Arcanjo Ribeiro, em 1946, quando meu pai foi nomeado Prefeito, pelo Interventor Federal na Bahia, General Cândido Caldas. É que a população de Brotas, sede do municipio, não admitia que o prefeito nomeado viesse do JORDÃO, um dos Distritos.


Como Prefeito nomeado de Brotas, meu pai Adão Francisco Martins, construiu entre 1946 e 1947, a ponte de madeira, ainda hoje existente nos povoados de “Mourão” e “Santa Rosa”, debaixo da qual não passa mais hoje(2004) nem um pingo de água, onde outrora fora um pequeno rio.

Em 03.05.1950, Adão Francisco Martins, mudou-se para Morpará, às margens do Rio São Francisco, onde fundou a “Loja Primavera”, de tecidos, além de ter sido Vereador. No mesmo ano, vinculou-se à Loja Maçônica HARMONIA E AMOR, de Juazeiro, pertencente à GRANDE LOJA DO ESTADO DA BAHIA.

Em abril de 1957, retornou à sua terra natal, Ipupiara, como comerciante de tecidos e como Pregador Evangélico, vinculado ao Protestantismo Batista.

Contribuiu, escrevendo discursos e redigindo documentos, com a emancipação política de Ipupiara que se tornou município independente de Brotas, em 09.08.1958, ao lado do Chefe Político da região, Coronel Arthur Ribeiro.


Colecionou e leu obras famosas, entre as quais, a “HISTÓRIA UNIVERSAL”, de César Cantu, com mais de 30 volumes, hoje em poder deste autor.

Após ter fundado a Igreja Batista de Ipupiara, na Bahia, FALECEU REPENTINAMENTE, com parada cardíaca, no dia 07.01.1970, com 55 anos, depois de ter feito um Sermão Evangélico, na Praça Principal da cidade, deixando 5 filhos homens e 3 mulheres.

De acordo com o livro de orçamento, em 1938, o Municipio de Brotas de Macaúbas, era formado dos seguintes DISTRITOS: Jordão de Brotas(Ipupiara), Gameleira(Ibipetum), Ouricuri, Aracy, Pé do Morro, Mata de Dentro, Brejo do Buriti, Barra do Mendes, São Francisco(Saudável), Paranamirim, Mucambo, Sitio do Coqueiro e Morpará.

Ao longo dos anos, tornaram-se Municipios Independentes de Brotas de Macaúbas, IPUPIARA, BARRA DO MENDES E MORPARÁ.

Quanto a Militão, saiu de Barra do Mendes, em agosto de 1919, vestido de mulher grávida, conforme a tradição oral na região(versão totalmente contestada pelo povo de Barra do Mendes, através de seu historiador maior Edízio Mendonça, mas divulgada nas regiões de Brotas e Lençóis), acompanhado do jagunço Umbuzeiro, passando por Gentio do Ouro, Gameleira do Assuruá, Santo Inácio, Xique-Xique e Pilão Arcado, nas margens do Rio São Francisco, refugiando-se na Fazenda do Coronel Franklin Lins de Albuquerque, em Pilão Arcado, também na Bahia, de onde ainda tentou reforço, junto ao Governador do Estado, para retornar a Barra do Mendes, mas sem sucesso.

Conforme seus descendentes, teria passado pelas serras de Uibaí, Central, Tiririca, Xique-Xique e Pilão Arcado.

O governo do Estado da Bahia, através de seu Governador Dr. Antonio Muniz Ferrão de Aragão ainda mandou duas expedições em socorro do Coronel Militão Rodrigues Coelho. Uma, comandada pelo Tenente Cláudio. A outra, comandada pelo Tenente Gomes, conhecido como PISA MACIO. Já era tarde demais.

O FORTE VERMELHO que era o reduto mais perigoso da praça de guerra de Barra do Mendes, já tinha sido totalmente destruído pelos jagunços de Horácio de Matos que sobre o forte lançaram violento ataque, de dinamite e granada.

Quando da reunião da Comissão Estadual de Trégua, presidida pelo parente do Coronel Duda Medrado, de Mucugê, o politico José Joaquim Landulfo da Rocha Medrado, a pedido do Governador Dr. Antonio Muniz Ferrão de Aragão, em Lençóis, o Coronel Horácio de Matos exigiu que Militão fosse afastado da política local e que a SEDE do municipio de Barra do Mendes fosse transferida para o Jordão.

Assim, o Fundão, Jordão ou Ipupiara foi Sede do Município de Barra do Mendes, de agosto de 1919 até o dia 24.05.1920, quando o Governador José Joaquim Seabra decretou a extinção do Municipio de Barra do Mendes, incorporando o seu território ao Municipio de Brotas de Macaúbas, conforme o combinado no CONVÊNIO DE LENÇÓIS, acordo assinado entre o General Alberto Cardoso de Aguiar, Comandante da 5ª Região Militar e o Coronel Horácio de Matos, quando da chamada REVOLUÇÃO SERTANEJA.

Na Fazenda do Coronel Albuquerque, onde passou 3 meses(Setembro, Outubro e Novembro), faleceu Militão Rodrigues Coelho, de desgosto, sem comer e sem conversar, recluso num quarto, apenas fumando e tomando Café, no dia 8.12.1919, com 60 anos de idade(Horácio de Matos, tinha 37 anos), dia da Padroeira de Barra do Mendes, Nossa Senhora da Conceição, sendo sepultado no cemitério local, hoje coberto pelas águas barrentas da barragem de Sobradinho.

Vitorioso, Horário de Matos tornou-se o líder mais forte da CHAPADA DIAMANTINA, estabelecendo o seu QUARTEL GENERAL num casarão, ainda hoje existente, ponto turístico de real interesse, na cidade de LENÇÓIS, interior da Bahia. De lá, reuniu tropas para invadir Salvador, a Capital Baiana, em 1920, só não o fazendo, em virtude de acordo feito com o Governo Federal.

Embora tivesse duas filhas com uma velha companheira chamada Laura, Horácio de Matos, com 39 anos de idade, resolveu casar-se “de papel passado” com AUGUSTA, que se tornaria AUGUSTA MEDRADO MATOS, filha do riquíssimo Coronel Douca Medrado(Antonio Landulfo da Rocha Medrado), na cidade de Mucujê, região da Chapada Diamantina, em 1922.


Em 1926, sob a orientação do General Mariante(Álvaro Guilherme Mariante), REPRESENTANTE DO MINISTÉRIO DA GUERRA, o Coronel Horácio de Matos, com 560 homens armados lança-se contra a COLUNA PRESTES, Comandando o Batalhão Patriótico Lavras Diamantinas, ao lado de outros Comandantes, entre os quais, o Coronel Abílio Wolney, do Norte de Goiás(Dianópolis), que estava se deslocando, com 300 soldados de Cabrobó, em Pernambuco, para Leopoldina, em Minas Gerais, além de Franklin de Albuquerque, de Pilão Arcado.

Consoante Jorge Amado, no livro CAVALEIRO DA ESPERANÇA, “Horácio de Matos, Franklin de Albuquerque e Abílio Wolney com os seus homens”, os três formaram o trio invencível aplaudido pelo Governo de ARTUR BERNANDES, no combate ao giro fantástico da COLUNA.

Todos estes homens, no entanto, após perseguirem duramente os passos dos guerreiros de Prestes(chamados pelo povo de “OS REVOLTOSOS”, pelos sertões do Brasil, especialmente Alagoas, Ceará, Pernambuco, Piauí, Bahia e Minas Gerais, o que ocorreu até outubro de 1926, quando a COLUNA penetrou no Mato Grosso e alcançou a BOLIVIA, retornaram às suas cidades de origem.

Quanto a Horácio de Matos, no dia 15 de maio de 1931, no Largo do Acioli, em Salvador, ao passar, descuidado e terno com a filha mais velha Horacina(do casamento com Augusta), de seis anos de idade, pela mão, recebe covardemente pelas costas, três tiros de revólver, disparados por Vicente Dias dos Santos, que fora contratado por Manuel Dias Machado(também conhecido como José Machado), tio da viúva do Major João da Mota Coelho que morrera em combate às portas da cidade de Lençóis, em 1925, sendo que Horácio de Matos fora responsabilizado por esta morte.


O criminoso Vicente Dias dos Santos foi condenado pelo Juri, em Salvador, no primeiro julgamento, a 21 anos de prisão, mas no segundo julgamento, dois anos depois, foi ABSOLVIDO.

Algum tempo depois, intoxicado por arsênico, na água que bebia, foi internado no Hospital Militar, onde morreu.

Ao morrer, em 1931, com 49 anos de idade, Horácio deixou, além da viúva Augusta Medrado Matos, também cinco filhos menores: Horacina, a mais velha, com seis anos. Horácio de Matos Júnior, Tácio Matos, Juth Matos e Judith Matos.

Um dos filhos de Horácio de Matos, o Horácio de Matos Júnior(Lençóis,1927), depois de ter sido Deputado Estadual e Federal, aposentou-se em 1999, como Conselheiro do Tribunal de Contas da Bahia.

Um dos netos de Horácio de Matos, o Horácio de Matos Neto, tornou-se Deputado Estadual na Bahia, a partir de 1986, representando exatamente a Região da Chapada Diamantina.

Apesar de sua importância, Militão Rodrigues Coelho não é mencionado no livro BAIANOS ILUSTRES, de Antonio Loureiro de Souza ou DICIONÁRIO HISTÓRICO-BIOGRÁFICO BRASILEIRO (2001), da Fundação Getúlio Vargas e nem, em nenhuma das enciclopédias nacionais, Delta, Barsa, Larousse, Mirador, Abril, Koogan/Houaiss, Larousse Cultural, etc.

Foi, no entanto, devidamente estudado, pelo historiador Edízio Mendonça, que resgatou a memória do famoso Caudilho, no seu livro O CORONEL MILITÃO COELHO, publicado em Salvador, Bahia, pela Gráfica Central, em 1980.

É verbete do DICIONÁRIO BIOBIBLIOGRÁFICO REGIONAL DO BRASIL, de Mário Ribeiro Martins, via INTERNET, dentro de ENSAIO, no site www.usinadeletras.com.br

Assim, à história de Ipupiara, antigo Fundão ou Jordão, a partir de 1915 e em anos diferentes, estão vinculados vários nomes ao CORONELISMO:
Capitão José Joaquim Sodré, cunhado de Militão ou sobrinho, conforme alguns; Capitão Gasparino Barreto, Delegado de Polícia; Antonio Lucas da Costa, Sargento da Polícia Militar; Capitão Nestor Rodrigues Coelho, Secretário da Intendência; Major Avelino Barreto, Coletor Estadual; Bertoldo Saldanha, Escrivão de Polícia; Capitão Marcolino Martins, Subdelegado do Distrito de Gameleira; Tenente Tibúrcio Durães, Suplente de Delegado de Polícia; Capitão Ezequiel de Matos, irmão de Horácio de Matos; Benevenuto Barreto, Subdelegado de Polícia.

Ao longo do tempo, outros nomes apareceram e se firmaram, tornando-se, inclusive, mais conhecidos no antigo Jordão: É o caso de Facundo José da Cunha(1856-1940), do Tenente-Coronel Artur Ribeiro dos Santos que fora nomeado pelo Presidente Afonso Pena, em 21 de março de 1907, quando tinha 19 anos de idade, para o Posto de Tenente, no Batalhão da Guarda Nacional, na cidade de Brotas.

Seu irmão mais velho, Coronel Isidório Ribeiro dos Santos, tornou-se COMANDANTE do 298º BATALHÃO DE INFANTARIA DA GUARDA NACIONAL, sediado na Chapada Velha(região de Brotas e Lençóis).

Ambos os irmãos e mais ainda as figuras destacadas de Alvino Francisco Martins, Jovito Francisco Martins, Gasparino Francisco Martins e Adão Francisco Martins todos estavam politicamente vinculados ao Coronel Militão Rodrigues Coelho e ao seu filho Nestor Coelho.

Passadas as lutas regionais, os dois irmãos Coronéis, estabelecidos na cidade de Ipupiara, na Bahia, terminaram por constituir numerosa família, de que o autor desta nota é descendente, sendo BISNETO do Coronel Isidório Ribeiro dos Santos.

Convertidos ao Protestantismo Batista, os dois se tornaram excelentes pregadores sacros. Isidório Ribeiro morreu cedo. Mas seu irmão Artur Ribeiro, após exercer muitos cargos políticos, entre os quais, de Vereador e Prefeito, faleceu em Ipupiara, no dia 22 de setembro de 1979, com quase 92 anos de idade, sendo sepultado no jardim do Templo da Igreja Batista, onde até hoje é venerado.

Feita esta digressão, para mostrar um pouco a região da Bahia, de onde procedo, eis-me aqui na glória de sua ascenção. Eis-me aqui porque AMO as ACADEMIAS. As Academias não possuem idade, com certidão passada.

Neste sentido, ouso discordar de Joaquim Nabuco, quando, na sessão de fundação da ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, em 20 de julho de 1897, disse: “As Academias, como tantas outras coisas, precisam de antiguidade. Uma Academia nova-prosseguiu- é como uma religião sem mistérios: Falta-lhe solenidade”.

Na verdade, as Academias representam a temporalidade, objetivada nos sólidos alicerces que as tornam permanentes. E é esse passado que me permite trazer-vos a figura extraordinária de José Maria Audrin, vivo, atual e majestoso.

Finalmente, meus caríssimos, tal como o noviço que inicia com carinho e respeito, sua longa jornada pelos desconhecidos e difíceis caminhos que conduzem ao maravilhoso Templo da Sabedoria, assim também hoje o faço.

E o faço, evidentemente, pela primeira vez, como humilde acadêmico, ao transpor os umbrais desta Casa, de tantas glórias e tradições.


Desvanece-me o fato de poder me ombrear a homens e mulheres da mais alta estirpe nas letras tocantinenses, com seus respectivos Patronos que vão desde o nome de Joaquim Teotônio Segurado, na Cadeira 01, até Boaventura Cardeal dos Santos, na Cadeira 40, todos biografados no meu DICIONÁRIO BIOBIBLIOGRÁFICO DO TOCANTINS, publicado pela MASTER, do Rio de Janeiro, em 2001 e cujos exemplares se encontram à disposição no salão do coquetel.

Assim, nada melhor do que ombrear-me a esta plêiade de ilustres confrades que engalanam os quadros da Academia Tocantinense de Letras, a quem, muito justa e oportunamente, rendo as minhas homenagens e os meus agradecimentos. MACKTUB(ASSIM SEJA)!






*MárioRibeiroMartins
é escritor e Procurador de Justiça.
(mariorm@terra.com.br) mariormartins@hotmail.com
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Caixa Postal, 90, Palmas, Tocantins, 77001-970.
Fone: (063) 215 44 96. Celular: (063) 99779311.






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