Quando se fisga o dourado, ele nada rio acima. Muito rápido! Ai temos que recolher a linha velozmente. Quando chega no limite, ele salta!
Ó segredo é a quantidade de fricção no molinete. Se apertar arrebenta. Se der folga, ele ao rodopiar no ar solta do anzol. Em ambos os casos torna- se imprescindível o giradouro e o encastôo. É válido equipar-se para a batalha.
Já definir as tensões que a linha suporta é absolutamente intuitivo. Nada tem a ver com prática.
Dificilmente um pescador insensível consegue tirar ele d`água! Neste caso não se pode contar nem com a sorte de principiante ou menos ainda com décadas de experiência. Tem que agir com muito cuidado, sangue frio ou até sangue muito quente mesmo. Vale os extremos. Atenciosamente deve-se seguir os movimentos mais imperceptíveis... Prever o salto seria mais que perfeito. Há os que conseguem.
A emoção que advêm ao vislumbrar o salto faz que numa fração de segundo ele escape. Onde o autocontrole?
Mas quando a gente consegue tirá-lo da água imediatamente se encanta, apaixona-se. Alguns se abraçam a ele. É o mais lindo e corajoso de todos os peixes.
Mas só retém sua beleza se livre nas corredeiras. Longe de ser o mais saboroso dos peixes!
Pouquíssimos entendem esse momento único, onde se alterna desejo e submissão, vida e morte , eternidade ou segundo! Raros o devolvem para água enquanto lhe resta tempo para que possa recuperar o fôlego. Não sei se por desafio, se por estranho amor! Já nem sei se entendo tão bem assim, de mim, de peixe e talvez nem sequer de pescador.
E de repente percebo ao ao remover o anzol da boca dele, embora a mão nua e vulnerável,nunca a morde!
Que estranho é a vida, ainda consegue me surpreender!