Flor de Taxo livro de autoria de Iara Rodrigues.
Campina Grande-Pb: 1997: 28p.
Por: Maria do socorro Cardoso Xavier
Flor de Taxo - o título e a capa do livro em epígrafe sugere uma flor solitária, jogada num tacho (a poeta grafa taxo). De registrar as tentativas construtivistas em alguns de seus poemas, estabelecendo-se uma relação diádica entre o seu ser poético e a natureza e nesta se inspirando e inebriando. É a emoção genética embrionária da regressão à mãe-natureza. A autora vale-se de metáforas que embelezam e ao mesmo tempo camuflam as duras realidades, que quer gritar ao mundo, arrancadas do abissal íntimo e social.
Iara tece uma hermenêutica do mundo, de forma irreverente, sedenta de atitudes mais autênticas, no qual ora com meiguice, ora com crueldade, agudiza os conflitos da dúvida ontológica do indivíduo finito, perplexo com os desígnios de Deus.
Na maioria dos seus versos e estrofes, a autora foge ao lugar comum da mesmice da linguagem sentimental; não obstante há lirismo no seu sentir. "A vida é toda magia/Encanto de um sim/...A brincadeira estalou com a racionalidade/ A vida é toda negra-cor/ é ritmo quente./A brincadeira é amar/ A vida é pra ser feliz" (in: Brincar de amar!")
Grau dez para estes poemas, cujo tintilar semiótico-verbal e telúrico de "Minha Terra", o lírico de "preciso" e a liberdade de "Estado" teatralizam "no chão da dura realidade cultural". Por vezes, avulta uma mensagem filosófico-existencial, a exemplo dos poemas; "Humanos","Solidão", "Me quero nua" e outros. O amor sensual está contemplado no "tesão em mulher".
As falhas gramaticais cometidas no percurso dos poemas quase que são superadas pelas imagens poéticas originais, diáfanas, ocultas do seu ideário: universo- ser-narciso-natureza.