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Cordel-->LOURIVAL BATISTA PATRIOTA – O Rei dos Trocadilhos -- 11/05/2004 - 16:00 (José de Sousa Dantas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
LOURIVAL BATISTA PATRIOTA – O Rei dos Trocadilhos (*)
Livro elaborado por IVO MASCENA VERAS, em 2004

Versos de LOURIVAL BATISTA

Meus filhos são passarinhos
que vivem dos meus gorjeios;
eu, para encher os seus papos,
caço grãos em chãos alheios
e só boto um grão no meu
quando vejo os deles cheios...

Meu DEUS que sorte mesquinha
desse cego e dessa cega,
chegaram aqui na bodega,
se meteram na branquinha,
DIOGO puxa CHIQUINHA,
CHIQUINHA puxa DIOGO,
ficaram assim nesse jogo,
o carro já está no prego.
A cega puxando o cego
e o cego puxando fogo.

Pra cantar um desafio
a ninguém peço socorro;...
vai chegando ORLANDO TEJO,
que é da altura dum morro,
TEJO que anda esta hora
não tem medo de cachorro.

Entre o gosto e o desgosto,
o quadro é bem diferente,
ser moço é ser um sol nascente,
ser velho é ser um sol posto,
pelas rugas do meu rosto,
o que fui hoje não sou,
ontem estive, hoje não estou,
que o sol ao nascer fulgura,
mas ao se pôr deixa escura
a parte que iluminou.

Um sábio muito profundo
me perguntou certa vez:
você já conhece os três
desmantelos deste mundo?
Eu respondi num segundo
DOIDO, MULHER e LADRÃO,
dei mais a explicação
DOIDO não tem paciência,
LADRÃO não tem consciência,
MULHER não tem coração.

É muito triste ser POBRE;
pra mim, é um mal perene...
trocando o “P” pelo “N”
é muito alegre ser NOBRE;
sendo pelo “C” é COBRE,
botando o “T” fica TOURO;
como a carne e vendo a pele;
o “T” sem o traço é “L”,
termino só sendo “LOURO”.

Pra ser DRAGÃO está errado;
mas LOURIVAL te explica:
tira a letra, apaga letra,
bota letra, metrifica,
apaga o D e o R,
bota o C, vê como fica.

Eu sou grande na segunda,
na terça, quarta e quinta,
na sexta, não me faltando
pincel, aquarela e tinta,
pinto, pintando o que eu pinto,
eu pinto o que Pinto pinta.

O cantador repentista
em todo ponto de vista,
precisa ser um artista
de fina imaginação,
para dar capricho à arte
e ter nome em toda parte,
honrando o grande estandarte
dos oito pés de quadrão !

Cantador pra mim só é
se nasceu pra versejar,
como XUDU do Pilar,
MARINHO de São José,
PATATIVA do Assaré,
SILVINO da Imaculada,
um BINLINGUIN de Queimada,
JOÃO PRETO de Serraria.
Aposentei-me em POESIA,
concluí minha jornada.

Não posso suportar mais
na vida tantas revoltas...
Prazer, por que não me buscas ?
Mágoas, por que não me soltas ?
Presente, por que não foges ?
Passado, por que não voltas ?

VERSOS DE OUTROS POETAS constantes no Livro

DEDÉ MONTEIRO

São José do Egito, a cada ano,
vem ficando mais pobre e enlutada:
foi MARINHO a primeira bordoada...
sofreu muito ao perder ROGACIANO...
JÓ deixou de cantar no térreo plano,
pra no plano divino fazer show...
dia seis de dezembro o REI botou
mais tristeza no peito da cidade...
São José escurece outra metade,
que o repente de LOURO iluminou.


Quanta pena no povo e quanta pena
na família do PAI DOS TROCADILHOS,
deixa pena no coração dos filhos,
quem pros filhos viveu de forma plena.
Pra HELENA talvez não haja trena,
que consiga medir o que passou...
Mas a obra eu o rei edificou
diminui desse golpe a crueldade.
São José escurece outra metade,
que o repente de LOURO iluminou.

Imitar seu estilo e rapidez,
dando ao verso o poder de ir e vir,
muito vate tentou sem conseguir,
pelo menos do jeito que ele fez.
Eram três os irmãos, mas desses três,
no repente, só um se eletrizou...
muita gente também TROCADILHOU,
mas ninguém com igual facilidade.
São José escurece outra metade,
que o repente de LOURO iluminou.

Não morreu o valor da região,
mas morreu sua “jóia” predileta;
não morreu a lembrança do POETA,
mas morreu um herói da profissão;
não morreu a tristeza do sertão,
mas morreu quem tão bem o decantou;
não morreu a saudade que ficou,
mas morreu quem provoca essa saudade.
São José escurece outra metade,
que o repente de LOURO iluminou.

Pinto de Monteiro

Classificar os Batista,
eu posso perfeitamente:
DIMAS é só mansidão
e no verso é consciente;
OTACÍLIO é a Toada,
LOURIVAL é o Repente.

Lourinaldo Vitorino

LOURIVAL que teve tudo,
mas não fez conta de nada,
saiu como um meteoro,
percorrendo a madrugada,
desenhou o céu no chão
e adormeceu na calçada.

Anísio Lira

LOURO, o mais velho dos três,
poeta naturalista,
na arte de repentista,
ninguém faz o que ele fez,
rimava com rapidez,
sem nunca sair do trilho,
sempre provava seu brilho,
com o verso improvisado,
ficou imortalizado,
como O REI DO TROCADILHO.

JOB PATRIOTA

O autor da criação,
para construir o mundo,
não pensou só um segundo,
fez a maior construção,
sem precisar vergalhão,
armador nem carpinteiro,
sem servente, sem pedreiro,
sem cimento e sem concreto.
DEUS o maior arquiteto
dos quadros do mundo inteiro.

Orlando Tejo

Penso, reflito, pressinto
que em todo tempo vindouro
ninguém vai superar PINTO,
nenhum fará sombra a LOURO.

Dimas Batista

Nossa vida é como um rio,
no declive da descida:
as águas são as saudades
de uma esperança perdida,
e a vaidade a espuma
que fica à margem da vida.

JOSÉ LOPES NETO

Estão vendo essa velhinha
toda envolvida num manto,
com os olhos rasos d’água,
tomando banho de pranto ?
Cantava... quando eu chorava;
hoje, chora quando eu canto.

Eu admiro demais
o trabalho duma aranha,
no seu tear invisível,
tanta beleza acompanha,
faz lençol da cor de neve
no coração da montanha.

Antônio de Catarina

O CARÃO, esta ave tão profeta,
habitante das matas do sertão,
sentiu falta da chuva no rincão,
ficou triste a sofrer como um poeta,
sem cantar sua vida é incompleta,
o fantasma da seca lhe apavora,
pesaroso partiu fora de hora,
antevendo um futuro tão sombrio;
O CARÃO QUE CANTAVA EM MEU BAIXIO
TEVE MEDO DA SECA E FOI EMBORA.

Zezo Patriota

Meu espírito não sossega,
com dívidas eu me espanto,
pago conta em todo canto
e devo em toda bodega,
quem deve conta e não nega
topa com que me topei,
tudo que tinha gastei,
com bodega e padaria.
PAGUEI MAIS DO QUE DEVIA,
DEVO MAIS DO QUE PAGUEI.

CANCÃO
Árvore Morta

Foste tu velha braúna
a divisão da paisagem,
a gigantesca coluna
da natureza selvagem,
abrias tua ramagem
pelas tardes nevoentas,
as borrascas violentas,
nunca te causaram danos,
antes de trezentos anos
te açoitaram mil tormentas.

Esses teus grandes madeiros,
há uns cem anos passados,
se sacudiam maneiros,
cheios de viço e copados.
Em teus ramos delicados,
nas horas de arrebol,
o pequeno rouxinol
cantava com mais ternura.
colhendo a doce frescura
das brisas do pôr-do-sol.

Das plantas foi a mais bela,
que entre a flora viveu,
quem sabe na vida dela,
quantos janeiros venceu,
depois murchou e morreu,
ficou dos ramos despida,
para o poente estendida,
sem verdura e sem beleza,
talvez que nesta tristeza
sinta saudades da vida.

JOB PATRIOTA

Ilusões, sonhos, quimeras, amores,
tudo tive na minha mocidade,
mas o tempo na sua tempestade
faz dos dias o que faz com as flores.

Fiz das horas os meus elevadores,
pra subir a montanha da idade,
de cujo cimo fitando a imensidade,
eu pensava viver com os condores.

Nessa triste ascensão de amargas horas
vi crepúsculos ao invés de ver auroras,
à velhice cheguei aos solavancos.

Nem mais vestígios das primeiras cenas,
por lembrança de tudo herdei apenas
branca coroa de cabelos brancos.


LOURIVAL BATISTA PATRIOTA nasceu em 6/1/1915, na Vila Umburanas, hoje município de Itapetim – PE (antes pertencia a São José do Egito - PE) e faleceu em Recife – PE, em 8/12/1992.

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