Sucumbiu o nosso amigo
Aos conselhos do mentor:
Compreendeu que, nesse abrigo,
Não se age com rancor.
O bom velho fez menção
Às palavras de Jesus,
Dizendo que o coração
Sofre o peso de tal cruz.
— “Que devo fazer agora,
Pois estou desarvorado?”
— “Quando o teu coração chora,
O primo passo está dado.”
— “Mas p’ra sempre assim não é
Que se resolve o problema.
Se o meu riacho dá pé,
Vou entrar, mesmo que trema.”
— “Excelente a tua idéia,
Mas é preciso cuidado,
Uma vez que, na colméia,
O mel está bem guardado.”
— “Vou estudar qual o meio
De extrair o mal de mim:
Hoje eu me sinto tão feio
Que toda idéia é ruim.”
— “Por isto é que estou contigo:
Porque também já fui mau.
Corri o mesmo perigo
De levar de pedra e pau.
“Mas aprendi a lição,
Ouvindo o que Jesus disse,
Pois quem ama a seu irmão
Não há maldade que atice.”
— “Quando é que se começa
O aprendizado do bem?
Não me venhas mais com essa
De que foste mau também.”
— “Mas a verdade está clara:
É preciso ter paciência.
No próprio mal se repara?
Começa a condescendência.”
A conversa iria longe,
Durante uma vida inteira.
Vestiu-se o gajo de monge:
— “Não vou mais fazer besteira!...”
Mas se a cabeça era dura,
Difícil de compreender,
Não estava malsegura,
Que a dor cumprira o dever.
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