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Contos-->A DIFICULDADE DE AGRADAR A TODOS -- 26/02/2003 - 14:09 (BRUNO CALIL FONSECA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A DIFICULDADE DE AGRADAR A TODOS

Em pleno calor do dia, um pai andava pelas poeirentas ruas de Keshan junto com seu filho e um jumento. O pai estava sentado no animal, enquanto o filho o conduzia, puxando a montaria com uma corda. "Pobre criança!" exclamou um passante, "suas perninhas curtas precisam esforçar-se para não ficar para trás do jumento. Como pode aquele homem ficar ali sentado tão calmamente sobre a montaria, ao ver que o menino está virando um farrapo de tanto correr".O pai tomou a sério essa observação, desmontou do jumento na esquina seguinte e colocou o rapaz sobre a sela. Porém não passou muito tempo até que outro passante erguesse a voz para dizer: "Que desgraça! O pequeno fedelho lá vai sentado como um sultão, enquanto seu velho pai corre ao lado" esse comentário muito magoou o rapaz, e ele pediu ao pai que montasse também no burro, às suas costas. "Já se viu ciosa como essa?", resmungou uma mulher usando véu. "Tamanha crueldade para com os animais! O lombo do pobre jumento está vergado, e aquele velho que para nada serve e seu filho abarcaram-se como se o animal fosse um divã. Pobre criatura!" Os dois alvos dessa amarga crítica entreolharam-se e, sem dizer palavra, desmontaram. Entretanto mal tinham andado alguns passos quando outro estranho fez troça deles ao dizer: "Graças a Deus que eu não sou tão bobo assim!" O pai colocou um punhado de palha cna boca do jumento e pôs a mão no ombro do filho. "Independente do que fazemos", disse, "sempre há alguém que discorda de nossa ação. Acho que nós mesmos precisamos determinar o que é correto".

Uma das interpretações possíveis para esta história, é que a verdade possui várias faces e cada um escolhe aquela que mais lhe convém. Se aquilo que se realiza, não condiz com o que se acredita, nunca lhe bastará, pois quando não adotamos a nossa verdade, nos tornamos fracos e influenciáveis. Portanto, conselhos, opiniões ou mesmo atitudes, só serão válidas se se transformarem em verdades para aqueles que os alimenta.

O atar de rosas do limpador de esgotos Um limpador de esgotos, que tinha passado a vida inteira desentupindo os esgotos da cidade e transportando a imundice para os campos circunvizinhos, veio certo dia ao bazar. No decorrer do tempo, ele havia se acostumado ao terrível cheiro de esgoto. Sem nenhum problema, ele podia caminhar pelos despejadouros de esgoto da cidade com toda bravura e, sem franzir o nariz, esvaziava até as fossas mais profundas. Agora enquanto o bom homem perambulava pelas vielas do bazar - onde ninguém o tinha visto entrar antes - chegou a uma loja onde um mercador vendia atar de flores. A fragrância, que todas as pessoas consideravam tão maravilhosa, foi demasiadamente forte para ele, e o limpador de esgoto desmaiou. Todas as tentativas para traze-lo a consciência foram vãs. As pessoas ficaram ao redor do homem desmaiado, sem saber o que fazer. Um raquim (médico), reconheceu a profissão do homem devido as suas roupas. Imediatamente pegou um punhado de barro da rua e segurou-o sob as narinas do homem. Subitamente, como que tocado por uma varinha de condão, o limpador de fossas abriu os olhos. Os espectadores não conseguiram desprender os olhos da cena, estupefatos com o milagre. Mas o raquim disse, de maneira indiferente: "O homem não estava acostumado com a fragrância do atar de rosas. O seu atar de rosas é feito de outro material. Como pode aquele que nada descobriu a respeito do ser saber o que o ser é?" (apud Saadi) Essa história pode estar transmitindo a mensagem de que: aquilo que somos é aquilo que temos, e aquilo que temos é peculiaridade de cada um. A vida é construída momento a momento, pela relação do meu mundo interno com o mundo externo, assim, a minha realidade é aquela que sinto e experimento no decorrer desta construção. Como disse Schutz, citado por Lima (1984, p.65), "o homem vive em contato com múltiplas realidades e cada uma se constitui através de um conjunto de regras, que possibilita a intersubjetividade de sua experiência". Não adianta, portanto, apresentar-me coisas que não estejam de acordo com essa realidade, por mais comuns que pareçam a alguns, elas me causarão estranheza e somente através de um processo de acomodação, viram a tornar-se partes de mim.

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Gabriela Vieira Luppi
Acadêmica de Psicologia da UFES
Bolsista do CNPq

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